Quando trabalhadores de uma fábrica de carros entram em greve, a produção para. Com isso, as vendas são prejudicadas e o patrão sofre com eventuais prejuízos.
Quando os professores da rede pública param, quem amarga os prejuízos são os alunos. O governador e os deputados seguem suas vidas normalmente. Por isso, desde o começo, critiquei a paralisação proposta pelo Cpers.
Confundir essa posição com antagonismo aos professores é oportunismo puro. Lá atrás, talvez por já ter acompanhado um punhado de outras greves do setor, era fácil antever que abandonar as salas de aula, nesse momento, era um tiro no pé da categoria – no da parte dela que embarcou na aventura sindical.
Faz bem o governo do Estado ao colocar foco absoluto na recuperação das aulas não dadas para a definição de um acordo. Mesmo que haja casos positivos, muitas vezes os dias letivos já foram compensados com atividades que nada tinham a ver com as matérias.
Greve, por definição, é a interrupção unilateral da prestação de serviços e, consequentemente, a suspensão dos pagamentos dos salários. Torço para que o magistério, que já sofre os efeitos do sucateamento da educação, não tenha seus já parcos vencimentos prejudicados. Mas, para isso, é fundamental que os alunos não paguem a conta.