Nada mais capitalista do que distribuir renda. A ampliação e o fortalecimento do mercado são pilares básicos de economias livres e fortes. No Brasil, não. Aqui, o oportunismo abraça a estupidez para carimbar qualquer análise nesse sentido como "comunista". Uma maneira eficiente, embora torpe, de defender o indefensável. A concentração de renda nada tem de capitalista. Ao contrário. Ela gera deformações que ameaçam a democracia e o acesso das pessoas a bens e serviços que gerariam emprego, impostos e bem-estar.
Dois recentes indicadores são lapidares: o PIB aumenta, mas o país cai no IDH, que mede o bem-estar da população. Some-se a isso o desemprego. A conclusão é óbvia: pouca gente ganhando mais. Defender a distribuição de renda não é dizer que todos são iguais e merecem ganhar o mesmo, mas sim reafirmar que uma sociedade incapaz de gerar oportunidades continuará dependendo de bolsas família – agora com direito ao 13º pagamento.
O Brasil é o segundo pior distribuidor de renda do mundo – só fica atrás do Qatar (2,7 milhões de habitantes), uma ditadura que vive do petróleo fácil. Enquanto não corrigirmos essa distorção, podemos nos apresentar como quase tudo, menos como capitalistas. E tudo começa, como sempre, pela educação. Aliás, é só olhar os rankings para entender.