Não é por mal que Jair Bolsonaro insiste em querer proibir o uso de radares móveis nas estradas federais brasileiras. O presidente, de fato, não compreende a contradição na qual incorre. Se a lógica usada para vetar a fiscalização fosse aplicada à segurança pública, a polícia deveria sempre avisar, antes, que está chegando, pedir licença e jamais parar algum suspeito na rua. Mais do que isso: as patrulhas só poderiam circular em roteiros fixos e amplamente divulgados. Os agentes da lei se postariam, parados, sempre nos mesmos lugares.
O presidente do Brasil acredita estar fazendo a coisa certa, o que torna o quadro ainda mais sombrio. A maior autoridade da República realmente não compreende que fiscalização e multa são as únicas medidas eficientes para conter a carnificina no asfalto. Bolsonaro não consegue aceitar que um portador de licença para conduzir deveria ter sido educado antes. Se não foi, não poderia estar dirigindo.
Ainda bem que existe a Justiça. Em Brasília, o juiz Marcelo Monteiro repôs o bom senso no debate ao derrubar a medida estapafúrdia que retirou os equipamentos das rodovias. Por sua vez, Bolsonaro avisou que irá recorrer e reduziu a questão a uma frase postada em uma rede social: "Você é a favor da volta dos radares móveis?". Pergunta errada. Não se trata, nesse tema, de ser contra ou a favor, mas sim de compreender a dimensão óbvia de uma necessidade.