O governador Eduardo Leite caminha para a consagração. Ao que tudo indica, conseguirá cumprir a sua promessa de campanha mais lembrada: pagar salários em dia.
A venda de estatais e de ações do Banrisul garantirá aportes significativos ao caixa e, com isso, haverá dinheiro para gastar. Se a projeção se confirmar, o jovem governador gaúcho terá dado um passo importante na direção do definitivo reconhecimento nacional. Ele já brilha no Rio e em São Paulo, onde é visto como uma alternativa arejada e de centro ao radicalismo que contaminou a cena pública brasileira.
Há quem já fale em seu nome para suceder Bolsonaro. Leite, que sabe ouvir e dialogar, circula cada vez com mais força entre empresários e formadores de opinião.
Existe, porém, uma segunda promessa de campanha igualmente importante, mas esquecida. Fazer política e gestão de um jeito diferente. Até agora, os sinais são tímidos. Da formação do secretariado a nomeações no Banrisul, o governo obedece à antiga lógica de dar espaços em troca de apoio. Não há nada ilegal e nem antiético nisso, desde que os acordos sejam baseados em propostas de gestão e em visão de futuro.
Mas um ponto, em especial, preocupa. Os sinais indicam a urgência em dar volume ao caixa, mas pouco se nota quando o assunto são mudanças estruturais na concepção de governo, que continua funcionando nos mesmos parâmetros do século passado. Estruturas pesadas, cheias de cargos em comissão e que dão respostas lentas a perguntas que mudaram. Há áreas de excelência – a arrecadação, por exemplo –, mas são exceções.
Se passaram apenas oito meses de governo. Talvez Eduardo Leite, que assumiu um Estado quebrado, esteja guardando algumas medidas necessárias e impopulares para mais adiante, já que se comprometeu a não buscar a reeleição. Por enquanto, nos resta analisar o que vemos.
E o que vemos é a expectativa de um gigantesco aporte de caixa, resultado da venda de patrimônio,e não de crescimento ou reestruturação efetiva.
O problema desse tipo de recurso é que, num piscar de olhos, acaba.