Cineasta alemão ou é muito, muito bom, ou é uma catástrofe. Aliás, o país-motor da Europa sempre foi ruim nos meios termos. Durante a semana, o diretor, produtor, ator e viajador Werner Herzog esteve entre nós, no Fronteiras do Pensamento. Mais do que reflexões acadêmicas e teorias sobre o futuro da humanidade, houve ali, no Salão de Atos da UFRGS lotado, uma conversa quase informal, com a corretíssima mediação do jornalista Daniel Scola.
Sempre que saio de uma experiência assim, me proponho um desafio. Em vez de me deixar em paz e decantar ideias, me rendo à estranha necessidade de sintetizar. Vício da profissão, quem sabe. Qual a seria a manchete?, me pergunto. No caso de Herzog, ela emergiu de uma história contada ali, em inglês açucarado com o sotaque alemão que devolve à boca o sabor da torta de maçã da minha oma, Lilly.
Instigado por Aletéia Selonk, gerente do Centro Tecnológico Audiovisual do RS, Herzog relembrou a infância em um lugar remoto da Alemanha pós-guerra, sem água encanada e outros luxos. O diretor de Fitzcarraldo só foi saber da existência de alguma coisa chamada cinema na quase adolescência. Com isso, explicou a capacidade de jamais repetir fórmulas. Ele as desconhece.
Eu já vinha pensando nisso há alguns dias, no cansaço que a necessidade de onisciência impõe, no mito de que o conhecimento é a única força luminosa possível. Mentira. É justamente o contrário. A criatividade, a inovação e até mesmo a felicidade nascem do não-saber. Minha manchete, o hiper-resumo do que ouvi no Fronteiras do Pensamento, é: "O gigantesco poder da ignorância". O que farei com isso, daqui pra frente?
Sinceramente, não sei.