Só nesse ano, a Brigada Militar enfrentou tiros de bandidos mais de 997 vezes durante abordagens em todo o Rio Grande do Sul. Escrevo “mais de 997” porque, entre a elaboração e a publicação do texto, o número certamente já aumentou.
Segurança pública é uma ciência complexa. Quase nunca um único fator explica determinado fenômeno. Conversando com especialistas, consegui compreender melhor. Os bandidos estão mais ousados também porque hoje têm armas mais letais. Não faz muito, cenas de traficantes e assaltantes portando fuzis eram uma peculiaridade dos morros cariocas. O contrabando fez o armamento pesado chegar por aqui também.
Os mais de 997 tiroteios entre policiais e criminosos aconteceram em situações diversas. Muitas vezes, uma patrulha da Brigada Militar já é recebida à bala. Mais estatística: nesse ano, 113 viaturas foram atingidas por tiros no RS. Entre os especialistas, há consenso de que tanto a quantidade quanto a violência dos confrontos aumentou. O resultado mais triste são os quatro servidores da segurança que não voltaram para casa. Do outro lado, 65 bandidos acabaram mortos. Mais de 290 ficaram feridos.
Diferentemente de outros Estados, nossa polícia não mata desnecessariamente. Há exceções mas, institucionalmente, a regra manda entregar um suspeito que se rende, mesmo que tenha atirado contra a polícia antes, às autoridades. Vivo.
A boa notícia é que, se por um lado, os bandidos estão mais ousados, por outro, as nossas polícias estão funcionando. Apesar dos salários atrasados e da falta se equipamento, milhares de homens e mulheres saem às ruas do Estado, todos os dias, com a missão de proteger a sociedade.
Anos atrás, fui chamado de “ingênuo” por um delegado, em função das minhas posições na defesa dos direitos dos cidadãos face à autoridade policial. Continuo acreditando nos mesmos princípios. Apenas acrescentei mais um: se for para alguém, infelizmente, não voltar para casa, que seja o bandido.