Estamos em primeiro, na frente dos Estados Unidos – 75 ouros contra 51. Dificilmente seremos alcançados. Os Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru, têm visibilidade restrita, mas um significado gigante.
Nos acostumamos a olhar para os paratletas com pena. Era o que eu sentia até ver de perto, no Rio de Janeiro, em 2016. Saí de lá com a certeza de que há mensagens e lições poderosas que vão muito além do discurso da inclusão. O poder de adaptação de um nadador que não mexe um braço ou de um jogador de tênis cadeirante é digno de admiração, em um mundo no qual somos desafiados a mudar a cada dia. Se eu fosse empresário, investiria no paradesporto. É ali que estão os ensinamentos mais verdadeiros sobre superação, comprometimento, significado, resiliência e propósito.
O ser humano, por definição, resiste à mudança. Pergunte a uma corredora com uma prótese na perna o que ela sente. Tente entender o talento do Ricardinho, gaúcho, melhor jogador de futebol para cegos do planeta.
O sucesso do Brasil nos Jogos Parapan-Americamos é resultado de investimento privado e público e de uma cultura brasileira de valorização desse tipo de esporte. Como brasileiro, tenho uma baita orgulho de ser o melhor das Américas, na frente dos EUA e do Canadá, países bem mais ricos e desenvolvidos. Essa é uma conquista que mereceria reconhecimento interno e externo. Mas disso nem Macron, nem Merkel e nem mesmo Bolsonaro gostam muito de falar.