O presidente Jair Bolsonaro ironizou nesta terça-feira (6) o mandatário da França, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, que questionam o compromisso da atual gestão em questões ambientais. Ao discursar sobre desmatamento da Amazônia em evento do setor automotivo em São Paulo, disse que os dois "não se deram conta de que o Brasil está sob nova direção".
— Não posso me comprometer com palavrão, mas dá para usar: (Agora) tem presidente da República, poxa! — afirmou, destacando o "poxa", sob risos da plateia.
Bolsonaro se reuniu com os dois líderes europeus na cúpula do G20, em junho, no Japão. À época, Macron, disse que poderia se recusar a assinar o acordo entre União Europeia e Mercosul se o governo brasileiro deixasse o acordo de Paris, que traz uma série de medidas contra a mudança climática.
Já a chanceler alemã, na véspera do início da cúpula em Osaka, pediu para conversar com o presidente brasileiro sobre desmatamento, o que gerou forte reação de Bolsonaro e de membros do governo.
Nesta terça, o brasileiro retornou ao tema. "Imagina o prazer que eu tive de conversar com Macron e Angela Merkel", ironizou, após dizer que 60% do território de Roraima "está inviabilizado" por reservas indígenas.
O presidente afirmou que "dados imprecisos" têm sido divulgados sobre desmatamento no país, sem se referir diretamente ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), cujo diretor foi exonerado após rebater críticas de Bolsonaro sobre as informações divulgadas pelo órgão.
"Quando um número, caso fosse verdadeiro, absurdo como aquele que já desmatei mais de 88% da Amazônia... Eu sou o 'Capitão Motosserra'", afirmou, sob risos da plateia.
Na verdade, o órgão informou que o desmatamento em junho aumentou 88% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
"[Quando o órgão] divulga isso é péssimo para a gente. Acabamos de assinar um acordo com o Mercosul que estava há 20 anos parado."
"Em parte agradeço ao Michel Temer que aprofundou essa discussão e solução no passado. Mas nós conseguimos com nossa equipe assinar a união comercial Mercosul-Europa. Estamos bastante avançados com Japão e Coreia do Sul. [Donald] Trump tem nos dado uma atenção toda especial", afirmou o presidente.
O discurso de Bolsonaro foi feito em congresso da Fenabrave (entidade do setor de distribuição de veículos automotores).
Ao seu lado, estavam deputados, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), e o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente).
O presidente entrou no palco sob aplausos de aproximadamente 1.500 presentes, ligados a concessionárias de automóveis.
Falou por cerca de 20 minutos, em discurso repleto de ataques à imprensa. Saiu do evento debaixo de gritos de "mito", sem falar com os jornalistas.