Notas frias, desvio descarado de dinheiro, saques injustificáveis. Vitório Piffero achou que podia fazer o que quisesse porque ganhou títulos importantes no futebol. As entrevistas dos integrantes do Ministério Público, que revelaram detalhes do esquema de corrupção no Internacional, falam por si. Mas não tocaram naquele é o maior pecado, o pecado original que deu origem a todos os outros: a arrogância. Piffero era craque nesse quesito. Foi a partir daí que ele e seus comparsas se sentiram à vontade para se comportarem como donos no Internacional. Foi a arrogância que acenou com a falsa certeza de impunidade. Foi a arrogância que sussurrou nos ouvidos dos cartolas: "se ganhar no campo, ninguém se importa com mais nada".
Como colorado, filho e neto de colorados atuantes na vida do clube, posso afirmar com convicção: as vitórias do Inter jamais foram de Pifero e de sua turma. Elas foram construídas através das décadas, tijolo por tijolo, lágrima por lágrima, gol por gol. O Internacional sempre foi um clube popular e sempre fez da humildade sua maior força.
As denúncias contra Pifero e seus amigos, apresentadas pelo MP, ainda precisam ser analisadas e julgadas. Em relação a elas, tecnicamente, todos são inocentes. Mas a denúncia que o MP não fez, essa já transitou em julgado. A arrogância, mais cedo ou mais tarde, apresenta a conta. E não adianta querer pagar com dinheiro desviado ou usando notas frias.