O Tribunal de Justiça do RS condenou uma psicóloga de 72 anos por homofobia pelo fato de ter presenteado o recepcionista da academia que frequentava com um par de sapatos de salto alto na cor rosa-choque.
A indenização por danos morais é de R$ 4 mil.
Conforme relatado no processo, a confusão começou quando o recepcionista informou a aluna, na época com 68 anos, que ela não poderia realizar o exercício "glúteo 4 apoios" em frente à porta de entrada da academia. A intenção da cliente era utilizar a porta de vidro como espelho.
Cinco dias após a discussão, a ré voltou ao local com uma caixa embrulhada para presente na qual havia um par de sapatos de salto alto na cor rosa choque com um recado impresso dizendo: "Isto é para o secretário não desaparecer atrás do balcão".
Em sua defesa, a mulher alegou desconhecer se o autor é heterossexual ou homossexual e que jamais se interessou em saber. Garantiu nunca ter feito distinção entre "pessoas intersexuais", e que "trabalha com público".
Afirmou também que o motivo de ter dado o presente era porque "o autor tem baixa estatura, o que facilita para se esconder agachado atrás do balcão, não dando atenção às reclamações".
Para os desembargadores, no entanto, o ato faz sugerir, sim, a prática de homofobia.
— Com este ato a ré apontou para o próprio autor sua condição, sua forma de ser, e permitiu que o autor fosse exposto perante terceiros que estavam presentes no ambiente da academia, quando o pacote foi aberto. Desnecessário — escreveu o desembargador Eduardo Kraemer, relator do caso.
O desembargador lembrou que a ré tem curso superior de psicologia e que trabalha no setor de psiquiatria de um hospital, o que tornam ainda mais inexplicáveis os fatos discutidos na ação.