"Prometo acabar com a pobreza, aumentar a eficiência da máquina pública, dar saúde, educação, segurança e emprego para o povo". Você já ouviu e vai ouvir muito até outubro. Uns dizem suavemente, outros de forma mais incisiva. Mas todos dizem.
As campanhas eleitorais para presidente e governador são elaboradas com base em pesquisas que revelam o que as pessoas querem. A partir daí, tudo vira um grande abracadabra. Vou fazer, vou entregar, vou resolver.
Há décadas embarcamos nessa ladainha. Começamos elegendo um presidente que prometeu acabar com a inflação. Collor de Mello baseou a sua campanha no mistério sobre como operaria o milagre. Dizia apenas que daria um ippon. E deu. Na inflação e no país, de quem afanou toda a poupança.
Desde então, continuamos acreditando em magia. Magia casada com paternalismo. Como se um homem ou uma mulher pudessem resolver as mazelas do país apenas com a bênção do voto popular. Lula acreditou. Foi engolido – sem resistir – pelo maior esquema de corrupção da História do Brasil.
Nosso país evoluiu em muitos aspectos nas últimas décadas. Respeito às minorias, às mulheres, restrição ao fumo em locais públicos. A lista é longa. Mas falta o pulo do gato. Tenho uma sólida convicção pessoal. Se não começarmos a votar mais no "como fazer" e menos no "o que fazer", estaremos sempre vulneráveis às desculpas esfarrapadas de plantão. A maior delas é a da herança maldita – a falsa surpresa do caixa quebrado deixado pelo antecessor. Vai melhorar a segurança? Como? Vai aumentar salários de brigadianos e de professores? Como? Vai construir estradas? Como? De onde sai o dinheiro?
Espera-se dos homens e das mulheres que se apresentam voluntariamente para nos governar que tenham projetos estruturados, realistas e viáveis para o Estado e para o país. "O que" todos sabemos. Digam "como". É o mínimo que nos cabe exigir.