Durante a semana, participei do lançamento do livro do empresário Anton Karl Biedermann, 50 Metros a Mais. Em mais de 25 anos de jornalismo, costumo escolher meus entrevistados. Nessa exceção, foi uma honra ter sido escolhido. Biedermann foi presidente da Federasul, do Grêmio Náutico União e é o número um do ranking mundial de natação dos 50 metros costas, na categoria que corresponde à sua idade.
No talk show, assistido por mais de uma centena de amigos, familiares e colegas empresários, Biedermann contou que, duas décadas atrás, quase trouxe Fidel Castro para falar na Federasul, em Porto Alegre. Um contato com a embaixada de Cuba chegou a ser feito, mas a ideia não prosperou. "Precisamos saber o que pensam os diferentes de nós", explicou, enquanto discorria sobre os perigos do radicalismo ideológico, seja de que lado for.
Fui avisado de que não haveria sessão de autógrafos e concluí, levando em conta a idade do entrevistado, que era uma decisão sábia. No fim da entrevista, o Dr. Biedermann, 94 anos, mais uma vez me surpreendeu ao cochichar: não vou deixar meus amigos duas horas em pé esperando.
Quando descia do palco, veio correndo um dos seus bisnetos. Um guri já taludinho. Não é que o Dr. Biedermann se abaixou, abriu os braços e aí eu pensei: vai dar ruim.
Errei de novo. Meu entrevistado abraçou o piá e, não satisfeito, subiu, firme e seguro, com ele no colo. Minhas costas estão doendo até agora.