Deputados ausentes são os que pedem verificação de quórum. A situação é tão patética que fica até difícil de explicar. O absurdo se repetiu dezenas de vezes durante a votação do projeto de adesão ao regime de recuperação fiscal. A cada cinco minutos, algum parlamentar da oposição requeria a recontagem das presenças, mesmo sabendo que havia número suficiente para prosseguir a sessão. A manobra é amplamente usada por todos os partidos, para ganhar tempo e enervar os adversários.
Seria uma tática legítima, se não fosse por um detalhe. O deputado que usa o microfone para pedir que as presenças dos colegas em plenário sejam fiscalizadas não está lá. O regimento interno na Assembleia gaúcha e de outros parlamentos possibilita essa insanidade. Quem pede verificação de quórum não precisa se declarar presente. Ou seja, o deputado influi sobre uma sessão na qual está legalmente ausente.
O óbvio seria que, ao requerer a verificação, o parlamentar, automaticamente, tivesse a sua própria presença confirmada, já que o pedido para a recontagem é uma ação realizada dentro da sessão e pode ser decisivo. Fazendo uma comparação com o futebol, é como se fosse chamado para bater um pênalti um jogador que não está sequer na súmula. Já existe um movimento na Assembleia para terminar com essa cultura da esquizofrenia parlamentar. Estar não estando soa a truque de magia. Só que esse, ninguém aplaude.