A maior prova de civilidade no dia do julgamento de Lula não será dada nas eventuais manifestações organizadas, mas sim nos botecos. Milhares de pessoas são esperadas em Porto Alegre. É inevitável que bares e restaurantes sejam invadidos por esse fluxo, uma boa notícia para a economia da Capital.
Se eu pudesse dar uma ideia, somente uma ideia, restringiria a venda de álcool na semana que vem. Sei que parece antipático e autoritário. Mas se sabe, não é de hoje, que a bebida é perigosamente eficaz na diluição do superego, freio freudiano aos nosso impulsos e instintos mais selvagens. E são muitos.
Mesmo sóbrios, homens e mulheres têm dificuldade de autocontrole em situações de frustração e euforia. Potencialmente, esses extremos se encontrarão na Cidade Baixa e no Moinhos de Vento na noite do dia 24.
Os partidos políticos desaprovam a baderna. Sabem que pagarão o preço pela eventual violência nas urnas. Políticos admitem qualquer coisa, menos as que os subtraiam votos.
Então, parece claro que o grande risco é o boteco. Como exercício, imagino um Gre-Nal decisivo, depois do qual as duas torcidas se dirigissem para os mesmos lugares. Com o agravante de que, no caso do julgamento, não haverá empate, mesmo que o resultado só saia uma ou duas semanas depois, em caso de pedido de vistas.
Não é esse o clima que gostaríamos de viver. No mundo ideal, as manifestações pacíficas coexistiriam e todos acatariam a decisão da Justiça dentro dos parâmetros estabelecidos pelos consensos que tornam nossa convivência possível. Mas não é isso que se forma no horizonte. Quando Vinicius de Moraes escreveu que o uísque é o cão engarrafado, se referia ao melhor amigo de homem. O problema é que o cão entra na garrafa Labrador e, muitas vezes, sai Pit Bull.