Só que não (sqn) é uma gíria usada para negar, ironicamente, uma afirmação anterior.
Temer pauta o seu governo pela ética. Só que não.
Lula é um santo. Só que não.
Acho que ficou claro.
Howard Schultz é o dono e fundador da Starbucks, rede de cafeterias com mais de 3 mil lojas espalhadas pelo mundo. Tem um patrimônio líquido de US$ 2,8 bilhões e é uma das estrelas do debate sobre o futuro dos EUA. Schultz acredita que os empreendedores devem se posicionar sobre os temas relevantes do país. Assim tem feito, sempre batendo no governo Trump, seja na questão da imigração ou quando se fala sobre corte de impostos para incentivar empresas. Schultz é radicalmente contrário. Pode parecer estranho, até mesmo aqui nos Estados Unidos. Mas seus argumentos são preciosos e servem perfeitamente para o debate brasileiro.
O governo americano não deve abrir mão de receitas em um momento em que seu déficit aumenta e que há demandas sociais urgentes. O que a Casa Branca deve fazer é aprimorar a sua capacidade de gestão, investindo com mais eficiência, com menos desperdício e priorizando o que realmente importa. Ou seja: gastar melhor e não arrecadar menos. Schultz sabe o que diz. Aposta que o dinheiro poupado em impostos irá para os bolsos dos que já têm muito e não para fazer girar a economia.
No Brasil, assistimos, mais uma vez, a governos buscando a solução óbvia. Aumentar receitas e vender patrimônio. Eficiência de gestão é um conceito soterrado por duas urgências: caixa para pagar as contas e eleição do ano que vem. Não é uma opção. É da falta de. Privatizações, no Brasil atual, não são convicções ideológicas e nem parte de uma visão mais profunda de Estado. São a desistência do pensar no longo prazo.
Para subverter o modelo que já não funciona, é preciso mais. Sem suporte da sociedade, governos podem fazer pouco. Mexer na máquina significa revisar privilégios e direitos. Abrir mão no curto prazo para garantir o longo. Lula poderia ter feito. Optou por um projeto de poder eterno.
Howard Schultz, lembrado para concorrer à sucessão de Trump, virou meu ídolo: impostos não são o problema. São a solução. Bem geridos e usados onde o Estado precisa estar: segurança, saúde, educação e justiça. Mas com tanta roubalheira, água no pescoço e faltando ar, esse discurso fica inviável. Sqn.