Uma nova bandeira: financiamento público de candidaturas já. Para futuros professores, juízes, médicos e policiais que prestarão concurso.
Um candidato a juiz, por exemplo, gasta fortunas na preparação para disputar uma vaga em um tribunal. Precisa assinar sites especializados, comprar livros, investir horas e horas em estudos. Um policial deve estar bem fisicamente, treinar motricidade fina, conhecer legislação, psicologia. Um professor de universidade pública então? Quanto investimento em cursos, mestrados, doutorados, viagens, seminários.
Um médico que atende no posto de saúde. Imagina a conta para chegar lá. Quantos anos de estudo, treinamento, prática. Esses concursos, muitas vezes, são mais difíceis do que uma eleição. Mas todos os candidatos tiram dos próprios bolsos para se preparar.
A diferença entre eles e os políticos é que os políticos têm o poder de decidir que nós pagaremos a conta deles. Entre financiar as candidaturas desses radicalóides que andam por aí e a de um professor, policial, médico e juiz, optaria sem pensar duas vezes. Sei que juízes já ganham bem mais. Alguns médicos também. Fiz questão de incluí-los pelo critério "retorno à sociedade". Poderia citar várias outras categorias, igualmente merecedoras.
Talvez, no futuro, financiar eleições com dinheiro público seja a coisa certa. Mas hoje, é uma afronta.
Minha tese é conceitual e se propõe a provocar uma reflexão sobre justiça. Ou sobre a falta dela, quando o abuso de poder leva ao auto-favorecimento. Agora que o dinheiro da corrupção secou, o Congresso abre a bocarra e, mais uma vez, se gruda nessa teta generosa e que nunca seca para aqueles com maior poder de sucção.