Os tapumes do Colégio Farroupilha, um dos mais tradicionais de Porto Alegre, foram pintados pelos alunos. A temática: refugiados sírios. São imagens carregadas de humanidade, de emoção e também de esperança. Algumas reproduzem cenas tristes. Minha filha mais velha ajudou a pintá-los.
O debate, quando balizado pela troca de argumentos,é sempre positivo. Aí reside o primeiro acerto no colégio. Provocar e participar da discussão.
Não se trata aqui de desqualificar as opiniões de alguns pais que se sentiram incomodados. Entendo que não queiram seus filhos expostos ao sofrimento.
Mas o fato é que, neste mundo conectado, as fotos do horror sírio já correram o mundo – e, quase com certeza, chegaram às telas dos celulares de nossos filhos. Educar para a liberdade. A questão não é mais ver ou não ver. É o que fazer diante do inevitável confronto comas realidades que nos cercam.
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Como boa parte dos brasileiros, sou neto de refugiados. Gente que fugiu da perseguição e da miséria. Tanto faz a cor da pele, a língua ou a religião. O drama da Síria, do Haiti e de tantos outros lugares – também trabalhados no colégio – é o drama de todos nós, humanos.
Só me choquei com um aspecto do debate. Minoritário, é bom ressaltar: algumas pessoas escorregaram para o preconceito contra os muçulmanos, como se a quase totalidade dos que sofrem o horror da guerra não fosse composta por inocentes.
Os tapumes que protegem a obra de ampliação da escola estão ajudando a construir algo bem mais importante do que um prédio: solidariedade e consciência humana.
Nada é mais importante do que isso. É a escola cumprindo um dos seus papéis mais nobres e necessários. Só me resta agradecer ao Farroupilha por mais essa lição.