É oportunismo mesmo. Se fosse ignorância, seria menos preocupante. Ter direito de protestar não é salvo-conduto para a falta de educação e o egoísmo.
Tanto faz se é Fora Dilma, Fora Temer, Libertem o Tibete, Yankees Go Home ou Catalunha Livre. Se começarmos a misturar esse tipo de política com Olimpíada, só uma coisa vai acontecer: a Olimpíada vai acabar.
Durante mais de um século, países rivais e até mesmo inimigos desfilaram juntos, conviveram juntos e disputaram medalhas sob uma única bandeira: a branca com os aros coloridos. Esse intervalo de duas semanas patrocinado pelo esporte já foi palco de reaproximações e de negociações que salvaram vidas. Sempre quando as pessoas se encontram sob um pretexto elevado, crescem as chances de coisas boas acontecerem.
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Mesmo no Rio de Janeiro, existem incontáveis lugares para protestar. Todos fora das instalações olímpicas. Dentro dos ginásios, estádios, quadras, piscinas e pistas, só duas coisas importam: a confraternização entre os diferentes e o respeito fraterno a estas diferenças. É só por isso que a Olimpíada sobrevive. E é esta beleza que um punhado de tacanhos cheios de direitos e sem noção do dever está tentando matar.
É muito egoísmo acreditar que nossas mazelas internas são mais importantes, durante os Jogos, do que as braçadas do Michael Phelps, os gols da Marta e o wazari da Rafaela Silva. E do que tudo que isso simboliza.
Protestar é um direito. Mas cuidar do espírito olímpico é um dever. Por mais ingênuo que pareça, por mais comercial em que tenha se transformado o evento, por mais raiva que a gente sinta do Temer ou da Dilma.
A Olimpíada é um espaço de paz e de convivência, de respeito à diferença e de preservação do que existe de igual em todos os homens e mulheres do planeta. Para quem não entende isso, falar em Olimpíada e em democracia é falar grego.