Saúde mental é fundamental nesses tempos de medo de contágio, distanciamento social e aperto econômico trazidos pela pandemia de coronavírus. Uma das saídas é, em meio à necessária enxurrada de informação, relaxar um pouco. Portanto, pedi para as mulheres lá de casa – a Bia, minha esposa, a Helena e a Aurora – me ajudarem a selecionar quatro atrações que animem o espírito e que façam rir. Dentro desse critério, tentamos ser ecléticos: tem um filme, um seriado, um desenho animado e um reality show (todos disponíveis na Netflix).
Jovens Titãs em Ação
Se você tem um pezinho no mundo nerd – ou está atolado nele, como eu –, esta série de animação faz uma ponte maravilhosa entre crianças e adultos. As primeiras vão se divertir com o visual (coloridíssimo), o ritmo (por vezes frenético) e o humor (escrachado) das aventuras vividas por uma equipe de super-heróis da DC Comics: Robin, Estelar, Cyborg, Ravena e Mutano. Aos mais velhos, também há o apelo das piadas nonsense e das inúmeras referências a outros personagens dos quadrinhos (as aparições do Batman são hilárias).
Personagens favoritos: a Helena adora o Cyborg, um debochado de mão (biônica) cheia, a Aurora ama o Mutano, porque pode se transformar em qualquer animal, até nos que não existem, e eu sou fã do Robin – sua chatice é comovedora.
As Crianças Estão Bem
Imagine ter oito filhos, todos homens, com idades que variam de bebê de colo (o único ausente na foto acima) a quase 20. Para uns, pode ser um inferno. Para nós, é uma delícia. Seriado que, apesar da boa recepção de público e crítica, durou apenas uma temporada, As Crianças Estão Bem (The Kids Are Alright) conta a história de uma família americana de origem irlandesa e bastante católica – mas nem um pouco alheia aos pecados e à hipocrisia. Graças à espaçada faixa etária dos irmãos Cleary – e a seus impagáveis pais –, as situações cômicas funcionam com todo mundo.
Personagens favoritos: a Helena curte as traquinagens do Joey, a Aurora dá risada com o dedo-duro Frank, e a Bia e eu somos apaixonados por Peggy, a mãe que não se furta de botar a culpa em um filho se achar preciso.
Casamento às Cegas
É verdade que há alguns diálogos picantes, mas assistimos com as gurias este reality show. A proposta é irresistível: 15 mulheres e 15 homens terão pouco mais de um mês para encontrar sua alma gêmea e casar. O detalhe é que, como diz o nome do programa, o pedido terá de ser feito sem que eles se vejam. Nos primeiros episódios, acompanhamos as conversas e os desabafos dos encontros às escuras. Nem todos os participantes dão match, e pelo menos um sujeito acaba disputado por três pretendentes. Só depois de um pedir a mão da suposta cara-metade é que eles vão se conhecer pessoalmente – e aí, durante um período de convivência, decidir se vão dizer sim na hora H (de "Haverá surpresas!").
Participantes favoritos: Lauren e Cameron é uma decisão unânime, mas a gente gostou, como personagem dramático, da Jessica.
Toc Toc
Quem lê só a sinopse desta comédia espanhola pode achar que é politicamente incorreta demais: seis pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) marcam consulta no mesmo horário com um psiquiatra, mas ele se atrasa, muito, e o grupo precisa esperar. No consultório, eles descobrem as peculiaridades de cada um, provocando gargalhadas no espectador – que, mais adiante, perceberá as sutilezas do filme, como uma bela mensagem sobre empatia e cooperação (tudo a ver com nosso momento, né?).
Personagens favoritos: todos são atraentes. A Bia se finou de rir com o Federico, que tem síndrome de Tourette e solta palavrões e gestos obscenos involuntariamente. A Aurora prefere a Ana María, que sempre que sai de casa, volta para verificar se fechou mesmo a torneira, o gás, a porta... A Helena gostou da Blanca, obcecada por limpeza (como muitos de nós, com razão, estamos). Eu confesso que me identifiquei um pouco com o Otto, maníaco por linhas e simetrias.