Recentemente, comecei a fazer aulas de francês, que é uma língua muito similar ao português em alguns aspectos, mas, ao mesmo tempo, ela te proporciona coisas muito estranhas, como a palavra aujourd’hui que significa “hoje”, se lê “ôjurduí”, mas bem que poderia ser um exercício de fonoaudiologia. Inclusive, a língua francesa nos proporcionou a palavra “réveillon”, que significa acordar ou despertar. Estamos na época de milhares de retrospectivas, promessas para o próximo ano e caixinhas para dizer coisas antes que o ano acabe, o panorama é mais ou menos esse.
Então, trago, aqui, um questionamento um pouco diferente para esse fim de ano: qual foi a última vez que você fez algo pela primeira vez, meu caro leitor?
Eu acho que posso falar em nome de muitos quando falo que nós, atletas, precisamos de rotina. Ela nos faz economizar energia, nos permite administrar todas as nossas responsabilidades e nos dá tranquilidade para continuarmos trilhando a turbulenta vida esportiva. Para nós, é muito difícil fazermos algo diferente do que estamos acostumados, principalmente pela demanda que é treinar em alto rendimento. Não só isso, temos que ter em mente que, nosso descanso e alimentação, também são prioridades no dia a dia, por isso em muitos momentos acabamos não tentando fazer algo novo.
Nesse próximo ano, que é olímpico, vai ser ainda mais intenso. Todas as horas de preparação, concentração e esforço que 2024 trará, já me dão dor de cabeça só de pensar. Ano olímpico é um momento de muito estresse e entrega, se torna fácil de perder a visão dos arredores, ficamos obcecados com a Olimpíada e tudo relacionado a ela. É o ano em que nossa saúde mental mais sofre também, é delicado o equilíbrio necessário para lidar com tudo que o ano olímpico exige; por isso, é ainda mais urgente que tenhamos momentos de pausa. Fazer algo que nunca fizemos pode proporcionar um descanso necessário levando em consideração a turbulência de ano olímpico. Proponho, aqui, um desafio para meus queridos colegas de profissão.
Tentem fazer algo que vocês nunca fizeram, em 2024.
Pode ser uma viagem, um curso ou alguma atividade. Uma nova experiência pode ser o que está faltando para que o próximo ano corra com mais leveza. Aquela memória que se guardará pelo resto da vida não tem preço. Claro que prudência e responsabilidade é necessário dependendo do tipo de atividade que for escolhida, mas por menor que seja, tente algo novo, são essas pequenas coisas que nos mantém sãos e nos dão motivação para seguir trabalhando, afinal não somos apenas atletas, somos e podemos ser milhares de coisas, não precisamos nos limitar apenas a nossa profissão.
Para mim, a mais recente foi começar o curso de francês. Mas esse ano também comecei a escrever semanalmente no jornal, joguei beach tênis pela primeira vez, fiz uma festa de aniversário temática e uma série de outras coisas que vão tornar esse ano memorável. Sei que o próximo ano será ainda mais digno de nota e prometo não perder o rumo, afinal, já não será a primeira vez que passarei por isso.