Confira dois roteiros, um em Santa Catarina, e outro no Rio Grande do Sul, para conhecer o estilo arquitetônico legado por imigrantes alemães (no RS, aliás, a data de ontem marcou os 198 anos da chegada dos primeiros imigrantes por aqui).
POMERODE, EM SC
Uma pequena comunidade rural no interior de Pomerode desde o final do ano passado ostenta um título importante: sua Rota do Enxaimel foi incluída entre as 41 melhores vilas turísticas do mundo pela Organização das Nações Unidas (ONU) — o título Best Tourism Villages reconhece zonas rurais onde o turismo gera oportunidades de modo sustentável, preservando tradições e meio ambiente. Não é um feito pequeno para o bairro Testo Alto, que tem apenas 3 mil habitantes. Ao longo de 16 quilômetros — que podem ser percorridos a pé, de bicicleta ou de carro — desfilam aos olhos dos visitantes uma sequência de bem preservadas construções no estilo conhecido como enxaimel, técnica construtiva trazida pelos imigrantes germânicos no século 19 em que as paredes são montadas a partir de vigas de madeira encaixadas e preenchidas com tijolos de argila.
Em meio à Mata Atlântica e a paisagens rurais, sobressaem as 50 construções transformadas também em hospedagens, lojas de artesanato, restaurantes e docerias. A arquitetura e a gastronomia não são os únicos atrativos: pode-se percorrer trilhas, fazer passeios ecológicos e conhecer cachoeiras.
Por volta dos anos 2000, a prefeitura de Pomerode criou o nome da rota, mas só uma década atrás alguns moradores começaram a empreender no turismo e, a partir de 2021, com a criação da Associação da Rota do Enxaimel, as iniciativas se multiplicaram, conta o empresário Ivan Blumenschein, vice-presidente da associação. O fluxo de visitantes, antes em média de 10 mil turistas por ano, saltou para cerca de 200 mil.
A associação reúne pelo menos 27 das 50 propriedades: há três restaurantes, duas casas de visitação, duas hospedagens em casas enxaimel, empórios, fabricantes de produtos locais, artesanato.
— O reconhecimento pela ONU alavancou a divulgação da Rota como destino e, com as outras ações desenvolvidas, aumentou o fluxo turístico. Foi motivo de orgulho, importante para que os moradores do bairro e de Pomerode valorizem ainda mais a preservação do patrimônio e enxerguem oportunidade no turismo cultural — observa Blumenschein.
As ações a que ele se refere são mapas turísticos, site, mídias sociais, capacitações e construção de identidade visual.
— Esperamos que seja o início de um círculo virtuoso de geração de oportunidades e sustentação econômica para preservar as edificações históricas e o patrimônio imaterial — completa ele.
Onde fica
- Um dos principais destinos turísticos de SC, Pomerode, com cerca de 30 mil habitantes, está a 165 quilômetros de Florianópolis.
- A Rota do Enxaimel reúne a maior concentração de casas no estilo enxaimel fora da Europa e é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
- Inclui dois clubes de caça e tiro, igreja luterana, um antigo cemitério dos imigrantes e em uma escola bilíngue (português-alemão) fundada há 150 anos.
- Há um mapa completo em rotadoenxaimel.com.br, também distribuído impresso em Pomerode.
Casinhas de chocolate
A embalagem lembra uma casinha no tradicional estilo germânico, mas seu interior é doce: um dos empreendimentos da Rota do Enxaimel, a marca de chocolates Nugali criou uma caixinha especial para abrigar 25 tabletes de chocolate homenageando o roteiro. A sede da Nugali oferece um tour pela fábrica e por uma estufa construída no estilo enxaimel onde crescem cacaueiros.
IVOTI, NO RS
Desde 25 de julho de 2021, Ivoti, a 55 quilômetros de Porto Alegre, criou um roteiro autoguiado para sua Rota do Enxaimel, para ser feito a pé, de bicicleta ou de carro. A saída é do Núcleo de Casas Enxaimel (onde os visitantes podem carimbar seu "passaporte"), tendo distâncias e níveis de dificuldade variados em estradas do interior, com orientação por meio de placas. Além das casas no tradicional estilo alemão e das paisagens, no caminho há cachaçaria, vinícolas, agroindústrias familiares, queijaria, produtos coloniais e artesanato. A estimativa é de que 5 mil pessoas já o percorreram no primeiro ano de atividade.
O turista escolhe seu caminho por esses cinco roteiros:
- Picada Feijão (19,5 km)
- Nova Vila (12 km)
- Picada 48 Baixa (10 km)
- Picada 48 Alta (6,5 km)
- Feitoria Nova (5 km)
Um aviso a quem percorrer os caminhos: eles são circulares e sinalizados com placas num só sentido. Para fazer o sentido contrário, é aconselhável um mapa impresso ou no celular. A placa interpretativa, no início e no final de cada trecho, contém informações técnicas como distância do trecho, classificação de percurso, tempo médio e os perfis de elevação.
Outras dicas são:
- Ficar atento à previsão do tempo
- Avisar alguém sobre seu itinerário
- Ter atenção ao caminho para evitar acidentes, já que há fluxo de veículos
- Manter-se hidratado e alimentado
- Não deixar resíduos ao longo do trajeto