Em 2019, Haroldo Castro, da Viajologia, mira em Mianmar, a antiga Birmânia, para suas expedições fotográficas. Será sua terceira vez por lá. É dele o texto a seguir, assim como as fotos que ilustram a página, imagens tentadoras.
"Foi a foto de uma imensa pedra dourada à beira de um precipício que me inspirou a visitar Mianmar. A imagem me convenceu de imediato de que eu deveria conhecer esse lugar único onde peregrinos budistas colocam finas folhas de ouro sobre a rocha. Demorei algum tempo para realizar meu sonho. Em 2008, aproveitando um ano sabático, reservei uma dezena de dias para viajar à antiga Birmânia.
Como na ocasião o país ainda estava sob o comando dos militares, a jornada não foi tão simples. Quando retornei, em 2012, Mianmar já vivia as primeiras brisas da abertura política. Além de ter me mostrado a Pedra Dourada do Monte Kyaiktiyo, Mianmar me revelou outros lugares encantadores, como o lago Inle. Situado entre as montanhas da província Shan, o lago assemelha-se a um pequeno paraíso terrestre. É onde vive a etnia Intha, uma das 135 minorias que habitam o país. Pescadores e agricultores, o povo Intha possui uma característica particular, única no mundo: os homens remam com as pernas, e não com os braços. Essa técnica permite deixar os dois braços livres para poder trabalhar com a rede de pesca.
O lago Inle também é palco de um festival budista dos mais coloridos. Durante 18 dias, uma Barca Real em forma de ganso sagrado visita diversos vilarejos situados às margens do lago, trazendo alegria a todos os ribeirinhos. No último dia do festival Phaung Daw Oo – nome do templo homenageado – a Barca Real retornou a seu vilarejo nativo Thalay, em meio a uma bela procissão de barcos e canoas. Tudo muito fotogênico!
Bagan é um dos pontos altos do país. Centro de um império que floresceu a partir do século 11, a planície abriga os mais belos templos budistas da Ásia. Esses monumentos não são apenas impressionantes vistos do exterior, com suas elegantes linhas arquitetônicas, mas seus interiores também são impactantes. A melhor experiência da jornada foi passar uma hora sobrevoando de balão os belos templos de Bagan. Somente um sobrevoo ao amanhecer pode revelar a dimensão e a grandeza das centenas de construções de quase mil anos de idade.
Tendo conhecido a Tailândia na década de 1970, posso assegurar que o Mianmar de hoje parece muito com o país vizinho de quatro décadas atrás. Existe muita autenticidade nas festas, na religião, na culinária, na maneira de se vestir e no trato com os visitantes, que são gentis e hospitaleiros. Fechado ao turismo até poucos anos, Mianmar guarda tesouros intactos que o turismo de massa ainda não deteriorou."