Publiquei na coluna impressa, algumas edições atrás, sobre esses dois lugares que recriam o clima do food truck em lugares fechados, depois de ler uma reportagem sobre como, depois do auge da moda dos food trucks, entre 2014 e 2016, o negócio vive hoje um momento difícil no Brasil. Muitos de seus proprietários migram para lojas fixas ou simplesmente encerram as atividades. E aí lembrei de dois lugares que conheci neste ano em Amsterdã (Holanda) e Copenhague (Dinamarca), que são tão bacanas e que mantêm esse espírito de comida de rua, com boa gastronomia, com gente reunida mais à vontade, sem a cerimônia de restaurantes. São lugares antigos, nas duas cidades, que foram recuperados para abrigar essas experiências e recebem muitos turistas e locais (nos sábados, especialmente, ficam lotados). Porque não também por aqui, foi a pergunta que fiz? Depois, dois leitores enviaram suas contribuições comentando o que publiquei (você pode ler mais abaixo).
FOOD HALLEN (AMSTERDÃ, HOLANDA)
Aberto em 2014 em uma antiga garagem de tram (dá para ver os trilhos no interior dos armazéns dos bondes, ainda usados largamente na cidade), surgiu com inspiração no Torvehallerne de Copenhague, no Mercado de San Miguel de Madri e no Borough Market de Londres. Há um pouco de tudo, da comida árabe à francesa, em mais de 20 diferentes bancas e muitos espaços para compartilhar a refeição. Eu experimentei um entrecôte do l’Entrecôte Mobile, uma versão do sanduíche francês com pão levemente tostado, lascas finíssimas de entrecôte e o molho secreto com um sabor especialíssimo. Não sou das fãs mais entusiasmadas de lanches, mas este que provei e o lugar me conquistaram.
Mais em foodhallen.nl
COPENHAGEN STREETFOOD (COPENHAGUE, DINAMARCA)
São cerca de 40 estandes, food trucks, contêineres e bares no lugar que fica em Papirøen, próximo a Nyhavn, o porto antigo restaurado. Fui num sábado para o almoço e cheguei cedo a esse galpão que, por volta das 13h, e num dia congelante, ficou de repente apinhado de gente. Há estandes de muitos países, incluindo um com churrasco brasileiro. Alguns oferecem comidas orgânicas, mas há uma premissa comum, que é a sustentabilidade, com ingredientes oriundos de lugares próximos. Minha opção foi um smørrebrød, uma espécie de sanduíche aberto, tradicional prato dinamarquês. É lugar tam-bém para acompanhar eventos musicais e ver o sol se pôr.
Confira mais informações em copenhagenstreetfood.dk
OS COMENTÁRIOS DOS DOIS LEITORES
Iná Gonzalez
"Estou voltando de alguns dias em Madri e, lá, retornei ao Mercado San Miguel por apreciá-lo muito. Continua muito bom. Tive oportunidade de conhecer outros também (os dois primeiros, abaixo, ficam no bairro da Chueca), cada um com particularidades, mas dentro do mesmo espírito:
San Ildefonso - Gente jovem, música apropriada e não é muito grande (três ou quatro andares com terraço, bar e bancas com comidas de vários países).
San Anton - Com supermercado, estandes para venda de especiarias, verduras, frutas, sorvetes e comidas. E, no terraço, dois restaurantes, além de mesas ao ar livre e uma linda vista.
Plateia - Um antigo cinema reformado na Praça Colón que abriga mercado de especiarias, frutas, verduras, queijos, carnes e presuntos maravilhosos. Além disso, muitas bancas de tapas, comidas, drinks, os doces do Mama Framboise, cujo café é vizinho. À noite, tem shows.
Em todos fomos muito bem atendidos e tudo estava delicioso. Voltei sonhando com um lugar assim em Porto Alegre, onde jovens, famílias, moradores e visitantes possam conviver e desfrutar de bons momentos."
Flávio Del Mese
"Li na tua página que a moda dos food trucks vive um momento difícil. Pois bem, como sabes, eles surgiram justamente de um momento difícil na economia norte-americana (o primeiro, o "Zé do Passaporte" deles, foi um coreano, e quem deu US$ 70 mil para que ele incrementasse o negócio foi a Toyota). Ou seja, os despedidos dos restaurantes durante a "crise americana" começaram a fazer as suas cozinhas móveis e tinham como vantagem o preço. Sem mesas, toalhas, ar-condicionado, iluminação, aluguel, etc., podiam oferecer uma grande vantagem, justamente o preço.
Pouco tempo atrás, no Havaí, que também é América, em lugares espetaculares, com cerveja e sobremesa, pagávamos por dois burguers mais ou menos 25% do que gastávamos em restôs. Ora! Rosane, os preços aqui estão iguais aos de lugares bons, com ar, toalhas, talheres de qualidade etc.
Os food trucks foram criados baseados em qualidade e preço, mas no Brasil, em Porto Alegre, pelo menos, estão cobrando preços de restaurantes normais, estão fugindo da proposição inicial: boa comida e bom preço."