De vez em quando, o fotógrafo Haroldo Castro, da Viajologia (viajologia.com.br), contribui com imagens belíssimas de suas viagens exóticas. Esta acima – e outras que você pode ver na galeria no final do texto – ele capturou entre os povos do Vale do Rio Omo. Abaixo,um pouco do que Haroldo já viu por lá, para onde pretende regressar em abril, com um grupo de viajantes. Confira o relato:
"Doze diferentes etnias vivem no Vale do Rio Omo, na Região das Nações, Nacionalidades e Povos do Sul, na Etiópia. Alguns são agricultores e outros continuam a tradição seminômade pastoril. Cada povo possui uma maneira diferente de se vestir e decorar seu corpo. Em 2010 e em 2015, visitei uma dúzia de vilarejos e tive contato com as etnias Hamer, Arbore, Karo, Tsemay, Bana, Ari, Mursi, Konso e Dorze. Planejo regressar em abril com um grupo de viajantes experientes.
Algumas das estradas que eram de terra, trazendo enormes dificuldades de locomoção na época das chuvas, foram pavimentadas. Esta é uma boa notícia para os locais e até para os visitantes. Mas o asfalto veio com a obra da represa Gilgel Gibe III, a segunda maior hidrelétrica do continente africano. Considerada uma ameaça por ambientalistas e antropólogos, ela foi inaugurada em dezembro de 2016.
Quais as mudanças que acontecerão na região? Certamente, os dias de mercado nos diversos vilarejos continuarão os mesmos. A reunião semanal para que os habitantes rurais possam vender seus produtos é essencial para a sobrevivência deles. Às segundas, por exemplo, os Hamer, pastores e coletores, levam ao vilarejo Turmi produtos como leite, manteiga, mel e lenha. Com o dinheiro obtido, compram café, sal e grãos.
A arte corporal que existe no Omo persistirá, talvez, por mais uma década. Pintar a cara ou o corpo é uma das características mais marcantes das etnias locais – como os povos Karo e Mursi – e se transformou em um dos principais motivos para que um estrangeiro visite a região. O turismo, mesmo escasso, traz algum benefício econômico às comunidades. Além de criar empregos para os jovens, a venda de artesanato e as doações levam dinheiro vivo a uma cultura que gera pouco dinheiro. As vestimentas, estas sim, começarão a mudar rapidamente, e a tradicional roupa de pele de cabra deverá ser substituída por modernos panos coloridos africanos – na sua maioria confeccionados na Índia –, enquanto os seios das mulheres nativas, até então descobertos, passarão, pouco a pouco, a ser contidos por sutiãs feitos na China".
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