É claro que há limitadores, como a distância e o dinheiro, mas ninguém poderá se queixar de falta de tempo para viajar neste 2017. Os "feriadões" começaram em fevereiro e se estendem até o Natal. Para ajudá-lo na programação dos destinos, convoquei alguns amigos e/ou colaboradores da coluna Recortes de Viagem, viajantes inveterados e blogueiros.
Selecionei Estados/regiões no Brasil e os vizinhos Uruguai e Argentina e distribuí entre eles para que cada um escolhesse um roteiro. Para mim, reservei dois roteiros feitos no último ano e que recomendo para quem tem de dois a quatro dias para se esbaldar: no Rio de Janeiro e em Goiás, os dois primeiros desta lista. Depois, seguem as contribuições dos amigos em ordem alfabética.
RIO DE JANEIRO
Petrópolis
As possibilidades são inesgotáveis na cidade e daria para gastar um feriadão inteiro só nas novidades dos últimos tempos, como a área recuperada na Região Portuária – o Museu do Amanhã, inaugurado no final de 2015, o AquaRio, de novembro de 2016, e o Museu de Arte do Rio (MAR). Mas a minha dica é sair um pouco da cidade: vá até Petrópolis, que fica a uma hora e meia do Rio, de carro ou ônibus (a oferta de horários é enorme). É uma viagem bonita, com belas paisagens da serra e uma estrada em boas condições.
Uma vez em Petrópolis, se não tiver muito tempo, concentre-se no Museu Imperial, o antigo Palácio Imperial de Petrópolis, residência de verão de d. Pedro II, um de seus lugares preferidos. É surpreendentemente bem conservado para os padrões brasileiros e conta o cotidiano da família imperial. No acervo, destaque para a coroa do imperador. Se não quiser sair dali, o parque à volta distrairá crianças e você poderá almoçar no agradável bistrô que fica junto ao palácio. Dicas de amigos, já que eu não visitei: me dizem que é imperdível a Casa de Santos Dumont e uma visita guiada à Cervejaria Bohemia.
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GOIÁS
Pirenópolis
Perfeito para quem tem pelo menos quatro dias, já que a minha sugestão, Pirenópolis, fica a uns 150 quilômetros de Brasília e, até chegar ali, tendo como base o Rio Grande do Sul, já se gasta um tanto de tempo. A cidade colonial, fundada por garimpeiros no século 18, é pequena e bonitinha, com um centro histórico bem preservado e igrejas lindas. Mas se você quiser turismo de aventura, terá. Se quiser se esbaldar em cachoeiras, também é o lugar certo. E é ainda lugar com boas opções de gastronomia (desde que esteja ali de quinta a domingo).
Para quem aprecia festas religiosas e folclore, a dica é encompridar o feriado de Corpus Christi (15 de junho) e acompanhar a Festa do Divino e as cavalhadas que ocorrem na semana anterior. Mas seja qual for a data escolhida, você terá uma boa amostra da vida e dos costumes do interior goiano. Entre as várias fazendas e áreas rurais, sugiro uma que visitei, a Vagafogo, com uma boa amostra da flora e da fauna locais e um brunch, com comidas orgânicas, servido diariamente.
AMAZÔNIA
Mamirauá
Gabriel Britto, do blog Insider Praga
Ma-mi-ra-uá. No início, você acha difícil, mas depois se acostuma e passa a falar o nome do lugar com a desenvoltura de um índio Tupi. A mesma coisa acontece com o calor, o isolamento, os sons noturnos na floresta e os trocentos bichos selvagens: no fim do seu período em Mamirauá, você vai achar tudo isso normal. Mamirauá não é uma cidade, é uma "reserva de desenvolvimento sustentável". Fica a 15 horas de lancha ou 3h de avião + lancha a partir de Manaus.
Entre todas as atividades que fazem parte do projeto de ecoturismo de Mamirauá, existe um que é uma pousada: a Pousada Flutuante Uacari. São cinco cabanas ligadas por pequenas pontes, para um máximo de 24 hóspedes, próximas a uma cabana maior – o "lobby do hotel". Todas elas ficam boiando sobre troncos enormes, ancorados em terra firme. Por que elas ficam boiando? Porque a reserva Mamirauá é uma área que fica alagada durante seis meses por ano. A água sobe até 12 metros e deixa apenas as copas das árvores para fora, mudando completamente a vida na região – a cheia vai de abril a agosto, e a melhor época para visitar é maio.
É justamente este aguaceiro todo que faz de Mamirauá um lugar tão especial. Os bichos que vivem lá precisam ser muito bem adaptados a esta mudança gigantesca. Para preservar a bicharada, a pousada é toda preparada para não causar impacto na natureza. Ela oferece pacotes variando de três a sete noites, as instalações são simples, mas confortáveis, e vocês será atendido por uma equipe incrível, formada por gente simples das comunidades de lá. Vai comer pratos regionais deliciosos, feitos com ingredientes que você nem sabia que existiam. E, claro, vai conviver com uma sinfonia inesquecível de cantos de pássaros, urros de macacos, peixes pulando e jacarés se alimentando bem na sua frente, embaixo da sua cabana e por todos os lados.
ARGENTINA
Mendoza
Marcelus Vieira, do Al Mondo - Turismo Gastronômico
Para uma escapada de três ou quatro dias, sugiro Mendoza, com duas opções:
A primeira – Com hospedagem em Mendoza, explorando a cidade que tem boas opções de gastronomia, como o Maria Antonieta Resto, que serve café da manhã, almoço e jantar em um ambiente agradável, com mesas na rua. O Mercado Central merece uma visita para degustar empanadas, comprar queijos, embutidos, especiarias. Sugiro também uma visita ao Espacio Contemporáneo de Arte, com entrada gratuita, e ao prédio do antigo Banco de Mendoza, declarado patrimônio cultural da província de Mendoza.
Usando Mendoza como base dá para visitar as inúmeras bodegas da região: a El Enemigo, do enólogo da Catena Zapata, Alejandro Vigil; a Atamisque, que tem um criatório de trutas: e a Família Zuccardi que, além de vinhos, produz excelentes azeites.
A segunda – Com hospedagem no The Vines of Mendoza, um resort do Valle de Uco, na base da Cordilheira dos Andes. Este hotel conta com o restaurante Siete Fuegos, do aclamado chef argentino Francis Malmann, onde você pode experimentar a "Cena experiência de fuegos", quando é preparado um menu com os sete tipos de fogos que o chef utiliza. O complexo do hotel também é composto de vinhedos, onde é possível produzir seu próprio vinho com a supervisão e orientação dos enólogos do The Vines.
MINAS GERAIS
Tiradentes e outras cidades históricas
Beto Conte, do STB Trip & Travel
Minha sugestão é o roteiro das cidades históricas. Sou apaixonado por Tiradentes e concentraria o tempo aí. Aconselho voar a Belo Horizonte e já sair de carro locado em direção a Congonhas do Campo para conferir o conjunto dos Passos e Profetas esculpidos por um dos gênios do barroco mineiro, Aleijadinho. Já em Tiradentes sugiro hospedagem noSolar da Ponte ou em alguma das pousadas no centro histórico bem preservado. O legal é caminhar pelo casario antigo, passando pelo Chafariz de São José, pela prefeitura, pelas igrejas e as lojas da Rua Direita. Se estiver aí em um final de semana, assista ao show de som e luz na igreja matriz de Santo Antônio.
A cidade é um charme. Aconselho jantar no restauranteAtrás da Matriz – especializado em bacalhau e pizzas –, todo decorado com trabalhos de artistas locais em entalhes. Outra boa pedida é provar coxas de rã no Tragaluz – uma casa antiga na Rua Direita toda reformada com madeira de demolição, com luz de velas. É lindo e a comida muito boa.Um belo passeio é seguir pela antiga estrada real a Bichinhos, com suas lojas de artesanato, seguindo a Prados.
Contornando as montanhas se chega a São João del Rey para visitar a Igreja de São Francisco de Assis com seus impressionantes altares esculpidos em madeira, e o centro histórico com a casa de Tancredo Neves e as igrejas de Nossa Senhora do Rosário e do Carmo. Minha dica para compras são as peças em estanho na John Sommers. Legal também o passeio de Maria Fumaça entre Tiradentes a São João del Rey. No caminho de volta a Belo Horizonte, se conseguir uns dias extras, inclua Ouro Preto e Mariana.
NORDESTE
Porto de Galinhas
Emilio e Josiane Rotta, do site Tem Criança na Viagem
Uma das praias imperdíveis da região é Porto de Galinhas, em Pernambuco. Fica a 53 quilômetros da capital, Recife, no município de Ipojuca. Tendo poucos dias, tente se hospedar no centrinho mesmo, onde você irá encontrar toda infraestrutura necessária (bares, restaurantes, farmácias e lojas). Por ali, a praia é excelente para quem gosta de tomar banho de mar: água calma, limpa e quentinha. Um dos diferenciais é a acessibilidade, com rampas para chegada na beira-mar. Porto de Galinhas parece praia de cidade pequena.
Espalhadas por suas ruas principais, você encontra adoráveis estátuas de galinhas. Elas também dominam o comércio local: impossível voltar de lá sem uma na mala. Entre as opções de programas, o número 1 é o passeio de jangada até as piscinas naturais. Lembre-se de controlar o horário das marés para que a visita não seja prejudicada. Busque informações sobre a Tábua das Marés no site da Marinha, pesquisando pelo Porto de Suape. Um combo interessante é esticar o passeio até Recife e Olinda.
Em um turno você consegue fazer o city tour pelas duas cidades. Na capital, não deixe de visitar a Casa de Cultura, instalada em um prédio antigo, que já foi presídio. O lugar é sensacional e exala história. Tem elevador e muitas banquinhas de artesanato. Um suvenir que garante a folia das crianças é a fantasia de dançarino(a) de frevo e também a tradicional sombrinha.
RIO GRANDE DO SUL
São Francisco de Paula e Cambará do Sul
Claudia Pegoraro, do blog Felipe, o pequeno viajante
Com três ou quatro dias de folga, no Rio Grande do Sul, nós correríamos para a região de Cambará e São Francisco de Paula! Em São Francisco, não dá para deixar de fazer um passeio ao redor do Lago São Bernardo e de visitar a incrível livraria Miragem. Em Cambará, o ideal é visitar o Parque Nacional Itaimbezinho num dia e o Cânion Fortaleza no dia seguinte, para não ficar muito corrido – e a nossa dica é sempre verificar a previsão do tempo antes de pegar a estrada para os parques, já que frequentemente a neblina atrapalha muito a visibilidade por lá.
Fomos quatro vezes a Cambará do Sul e posso garantir que a terra dos cânions nos Campos de Cima da Serra não cansa nunca. Há inúmeras atrações nos arredores – a maioria delas envolvendo cachoeiras, belezas naturais, atividades radicais e trilhas – mas há algumas que dependem de longas trilhas (impossíveis de fazer com criança) e todos os outros canyons da região.
SÃO PAULO
Centro da capital paulista e adjacências
Tiago Halewicz, diretor cultural da Casamundi Cultura
A maior cidade da América do Sul reserva atrativos para todos os gostos. Cosmopolita e efervescente, São Paulo se revela como uma metrópole democrática e multifacetada em uma estrutura urbana que mais parece uma daquelas bonequinhas russas, onde uma sai de dentro da outra revelando seus encantos e surpresas. São vários núcleos; e minha dica é sair da zona de conforto que se encontra nos elegantes Jardins e Itaim e buscar a essência da capital paulista no centro e adjacências, ideal para curtir em uma viagem curta.
O passeio pode começar pela Pinacoteca do Estado de São Paulo (Praça da Luz, 2, de quarta a domingo, das 10h às 17h30min, ingressos a R$ 6), que exibe um dos mais representativos acervos de Arte Brasileira, com destaque para pintura impressionista e realista. Outra dica é a Estação Júlio Prestes e Sala São Paulo(Praça Júlio Prestes, 16), instalados em um dos edifícios mais simbólicos de São Paulo. A histórica estação ferroviária inaugurada em 1872 serviu ao ciclo do café do interior do estado e do norte do Paraná.
No mesmo prédio, a Sala São Paulo é sede da maior e mais importante orquestra brasileira – e uma das melhores da Améria Latina – a Osesp. A sala de concertos inaugurada em 1999 surpreende pela elegância e eficiência do projeto arquitetônico. Sem dúvida, um dos lugares mais lindos de São Paulo. A sala organiza visitas guiadas, mas o ideal é aproveitar um concerto com um dos grandes músicos que integram a programação anual. Para aproveitar o muito que São Paulo tem de gastronomia, a dica é o novíssimo restaurante Hospedaria (Rua Borges de Figueiredo, 82), no reduto italiano da Mooca, que reuniu todas as referências gastronômicas em um só lugar.
Instalado em um antigo galpão, com um visual descolado pós-industrial, é a nova febre dos moderninhos da cidade que querem aproveitar um cardápio elaborado, cheio de referências, mas sem frescura, sempre no horário do almoço. Vale experimentar o couvert de pão feito na casa, sempre quentinho, com o tradicional molho de tomate, além do carro-chefe da casa: risoto paulista com porco, legumes e ovo perfeito.
SANTA CATARINA
Urubici e serra catarinense
Clarisse Linhares e Mylene Rizzo, do blog Viajando com Arte
Da série programa diferente no verão: Urubici e a delícia de explorar a serra catarinense. Partimos da Barrinha em direção a Floripa, saímos em Santo Amaro da Imperatriz, almoçamos num posto em Águas Mornas e começamos a subir, a paisagem foi se transformando, montanhas e araucárias dominando a paisagem. Entramos em Lomba Alta para conhecer o museu de arqueologia, feliz iniciativa de um ex-morador local muito dedicado, cheio de pontas de flechas, objetos indígenas, todos coletados no município.
Fomos visitar uma cachoeira ali perto que tinha uma capela em uma gruta, com uma cachoeira formando uma cortina, uma verdadeira comunhão com a natureza, muito interessante. Chegando a Urubici, pit stop para um café no posto Serra Azul, que é o point do motociclistas que povoam as estradas da serra, um lugar muito transado, todo dedicado aos amantes das motos. Depois passamos no posto do Ibama para pegar a autorização necessária para subir o famoso morro da Igreja e dali fomos conhecer a cachoeira do Avencal, que tem mirantes, pousada e tirolesa.
Corremos a tempo de pegar o pôr do sol no magnífico Morro do Campestre, que tem uma formação gigante de pedra furada nas montanhas, lindo. Chegamos no nosso hotel perto do centrinho (Pousada Professor Verto) e jantamos truta com vinho branco gelado no restaurante Muller, bem charmoso. No dia seguinte, saímos do hotel direto para o morro da igreja, uma visão incrível de 360 graus dos cânions e da majestosa pedra furada. Na mesma viagem, seguimos ao oeste catarinense para a uma viagem até Foz do Iguaçu.
URUGUAI
Montevidéu e mais
Elisabet Fleck Diefenthaeler, diretora da OP Turismo
O Uruguai é um destino que podemos aproveitar melhor, tão pertinho e tão civilizado, seguro, charmoso e com um bom custo benefício. Fica difícil sugerir somente um só destino no país e também depende da estação do ano, se vai de carro, avião ou ônibus... Mas digamos que a opção seja Montevidéu, onde a hotelaria melhorou muito e, devido a uma concorrência maior, os preços são bem justos: como é uma cidade muito conhecida por muitos gaúchos, recomendo uma Montevidéu diferente, focada na gastronomia e nos vinhos uruguaios.
Visitar a Vinícola Bouza, por exemplo, é uma experiência ótima – ela tem um restaurante de primeira linha, os vinhos são excelentes e o lugar, muito aprazível, fica a apenas 30 minutos do centro da cidade. Ali próximo também fica a Vinícola Juanico. A programação artística do Teatro Solis e do Teatro Sodré enriquecem a viagem. Outras possibilidades no país vizinho são Colônia do Sacramento e Carmelo (quem vai até lá precisa visitar a Vinícola Narbonna que também tem um hotel de charme) ou as Termas de Arapey, a 800 quilômetros de Porto Alegre, ideal para quem quer desconectar e voltar revitalizado.
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