O jornalista Fábio Schaffner colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Recebido aos gritos de “uh, terror, Gabriel governador” no 20º Acampamento de Verão da Juventude do MDB, sábado (30), em Tramandaí, Gabriel Souza transformou o ato em mais um degrau na escadaria de sua candidatura ao Palácio Piratini em 2026. Nas últimas semanas, Gabriel foi surpreendido por uma movimentação precipitando o nome de Sebastião Melo, prefeito reeleito de Porto Alegre, ao governo do Estado.
As intrigas levaram Eduardo Leite a redobrar cuidado com a sucessão, projetando a necessidade de eventual candidatura alternativa dentro da base governista. Gabriel agiu rápido para demonstrar a Leite que domina o MDB e é capaz de liderar uma aliança que defenda o legado da atual gestão.
Nos 18 dias em que esteve como governador em exercício, Gabriel percorreu o Interior para se reaproximar da base, jantou com parte da bancada na Assembleia e fez questão de receber Melo com mesuras no Palácio Piratini, ocasião em que exigiu prioridade aos pedidos do alcaide. Melo tampouco passou recibo e saiu da reunião convidando Gabriel para jantarem camarão qualquer dia desses.
Gabriel sabe que precisa de maior exposição para se reafirmar como candidato, mas só vai botar o bloco na rua no segundo semestre de 2025. Seu principal trampolim são os R$ 10 bilhões que o Estado tem para investir nos próximos dois anos.
Embora tenha desabafado que precisaria de três governos para acomodar todos os pedidos do partido, o vice tem medido os gestos e as palavras. Ciente de que o sucesso de sua empreitada depende de não deixar a onça com fome nem o cabrito morrer, repete a postura do ex-presidente americano Calvin Coolidge, segundo o qual "quem fica calado nunca volta atrás".