O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Faltando 54 dias para o fim do mandato, o prefeito de Bagé, Divaldo Lara (PRD), anunciou a renúncia do cargo. Em nota divulgada nesta quinta-feira (7), Lara diz que a saída "tornou-se inevitável diante dos problemas de saúde — físicos, emocionais". Até o final do ano, a prefeitura ficará sob o comando do vice-prefeito, Mario Mena Kalil (PRD).
No texto, assinado pelo próprio Lara, o prefeito exalta as votações expressivas que o elegeram em 2016 e 2020, mas diz que enfrenta "batalhas e perseguições pessoais". Além disso, o político lembra das mortes da mãe, de irmãs e do sobrinho, que aconteceram durante os oito anos em que esteve a frente da gestão municipal.
"Tive minha vida pessoal exposta e meu lar violado de forma abusiva e inconsequente, o que causou abalos e traumas às pessoas mais caras e preciosas da minha vida: minha família. Impossível estimar o tempo que necessitarão para se recuperarem e até mesmo se irão, pois as sequelas talvez nunca fechem totalmente", diz trecho da nota.
Na eleição deste ano, Lara não conseguiu emplacar sua sucessora, a jornalista Roberta Mércio (PL), que fez 38,93% dos votos e perdeu para o candidato do PT, Luiz Fernando Mainardi, que conquistou 51,71% do eleitorado na cidade.
A renúncia de Lara a menos de dois meses da posse de Mainardi teria outros dois motivos, além dos alegados problemas de saúde: não se envolver na transição com o petista e tentar escapar de uma condenação no Tribunal de Justiça.
Confira a nota na íntegra
"Com o coração apertado me dirijo a vocês para comunicar a decisão de deixar o cargo de Prefeito, o qual ocupei por dois mandatos consecutivos e, no primeiro, galguei a maior votação - jamais vista em uma eleição para o cargo de chefe do Poder Executivo, na cidade de Bagé - com mais de 75% dos votos válidos. Isso não é motivo para soberba ou vaidade, pelo contrário, é motivo de muito orgulho e gratidão.
A decisão de renunciar ao cargo de Prefeito Municipal de Bagé não foi e jamais seria fácil, porém tornou-se inevitável diante dos problemas de saúde - físicos, emocionais - os quais têm afetado tanto a mim quanto a minha família. Enfrento batalhas e perseguições pessoais que somente são imagináveis para quem vive. Nesses oito anos senti a dor da perda de quatro entes queridos: minha mãe e irmãs que perderam a vida para a severidade do câncer, bem como, um sobrinho, de forma cruel.
Tive minha vida pessoal exposta e meu lar violado de forma abusiva e inconsequente, o que causou abalos e traumas às pessoas mais caras e preciosas da minha vida: minha família. Impossível estimar o tempo que necessitarão para se recuperarem e até mesmo se irão, pois as sequelas talvez nunca fechem totalmente.
Deixo o mandato com a convicção de que nossa Bagé seguirá firme e amparada por pessoas competentes, as quais possuem plenas condições de concluir nossa gestão. Agradeço imensamente ao meu Vice-Prefeito, irmão de caminhada, Mário Mena Kalil, ao Secretariado, técnicos, servidores da administração e toda a equipe de governo. Aos vereadores, e, especialmente, ao povo de Bagé, minha maior inspiração.
Peço que entendam e respeitem minha difícil decisão, tomada com base no amor por minha família. Que Deus abençoe a todos! Desejo que Bagé continue prosperando ecomo um exemplo de força, garra e determinação.
Finalizo com um ensinamento e frase da minha mãe Suzana, que ao iniciar todos os meus desafios me dizia: “Começa com PAZ, termina com PAZ!”
Com grande respeito e gratidão,
Divaldo Vieira Lara"
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