Depois da derrota no segundo turno, a deputada Maria do Rosário (PT) telefonou para o prefeito Sebastião Melo, cumprimentou pela vitória e decidiu que daria a tradicional trégua: um período sem críticas para não parecer despeito. A Operação Prefácio, terceira fase da Capa Dura, com busca e apreensão na casa e no gabinete do vereador Pablo Melo, filho do prefeito, levou a deputada a quebrar a promessa de silêncio, já que as denúncias de corrupção na Secretaria Municipal de Educação estiveram no centro dos debates eleitorais.
Nesta quarta-feira (13), Maria do Rosário divulgou uma nota de seis pontos, na qual afirma que "a população de Porto Alegre está frente a evidências contundentes sobre a corrupção instalada na cidade. Demonstram que há um condomínio de apropriação indevida de recursos públicos às custas da sociedade, que sofre com a qualidade dos serviços prestados, especialmente na saúde e na educação”.
Em outro trecho, a deputada escreveu: “A nova fase da Operação Capa Dura, da Polícia Civil, começa a chegar ao núcleo político responsável pelo desvio de mais de R$ 43 milhões da educação da cidade, prejudicando nossas crianças, filhos e filhas. Tem vereadores afastados de suas funções públicas, servidor da Procuradoria do Município preso, além de mandados de busca e apreensão na casa do tesoureiro do MDB, partido do Prefeito Sebastião Melo. Aliás, em período anterior, já o presidente do MDB foi alvo da Capa Dura e afastado das funções públicas enquanto era Secretário de Governo. Vem mais por aí, a partir da investigação com os dados coletados na operação deste 12 de novembro, com a ampliação da investigação para níveis superiores de governo, afinal, é um desvio vultuoso".
Confira a íntegra da nota
"NOTA SOBRE A CORRUPÇÃO DA EDUCAÇÃO DE PORTO ALEGRE
1. Evidências são irrefutáveis. Elas vão além dos discursos e cumprem a função de desvelar o que está nas sombras. Junto, a passagem do tempo também cumpre seu papel, trazendo à tona a verdade.
2. A população de Porto Alegre está frente a evidências contundentes sobre a corrupção instalada na cidade. Demonstram que há um condomínio de apropriação indevida de recursos públicos às custas da sociedade, que sofre com a qualidade dos serviços prestados, especialmente na saúde e na educação.
3. A nova fase da Operação Capa Dura, da Polícia Civil, começa a chegar ao núcleo político responsável pelo desvio de mais de R$ 43 milhões da educação da cidade, prejudicando nossas crianças, filhos e filhas. Tem vereadores afastados de suas funções públicas, servidor da Procuradoria do Município preso, além de mandados de busca e apreensão na casa do tesoureiro do MDB, partido do Prefeito Sebastião Melo. Aliás, em período anterior, já o presidente do MDB foi alvo da Capa Dura e afastado das funções públicas enquanto era Secretário de Governo. Vem mais por aí, a partir da investigação com os dados coletados na operação deste 12 de novembro, com a ampliação da investigação para níveis superiores de governo, afinal, é um desvio vultuoso.
4. Tenho evitado declarações mais contundentes, dado que não se passaram sequer 20 dias do fechamento das urnas, as quais conferiram novo mandato ao meu adversário na eleição para a prefeitura. A tradição democrática sugere um certo silêncio até que o novo governo se instale. Entretanto, a responsabilidade pública que carrego exige um posicionamento face a fatos tão graves na cena da cidade. É um novo governo já velho. Nós, enquanto oposição, não deixaremos de fiscalizar um aspecto sequer do que ocorre de ruim na cidade. Aliás, deixamos um legado à população de pautas para cobrança do atual gestor. Assim, além de parabenizar o trabalho investigativo da Polícia Civil, faço um apelo às autoridades policiais e Ministério Público para que persistam, não só na investigação da educação, mas também nos descaminhos da saúde de Porto Alegre, vindos a público através de matérias veiculadas na imprensa. É grave e maior ainda o que ocorreu no Hospital da Restinga.
5. Poderia aqui, também, percorrer um conjunto de outros problemas que a cidade enfrenta e que carecem de solução, como os sucessivos alagamentos que ocorrem a cada chuva, a exemplo do transtorno e prejuízos ocasionados na Feira do Livro, poucos dias atrás, e a torturante fila para exames, consultas e cirurgias na saúde. O faremos no momento devido, pois o fato recente pede atenção ao tema da corrupção.
6. Finalmente, reafirmo que eu, o meu partido, o PT, e todo o campo da esquerda fazemos questão de ajudar Porto Alegre e a própria Prefeitura a conquistar melhorias para a cidade. Entretanto, há uma condição básica da qual a capital nunca deveria ter se afastado: zelo e seriedade na gestão e nos recursos públicos.
Maria do Rosário
Deputada Federal"