Passou da hora de o Rio Grande do Sul discutir com seriedade um tema que está na pauta das escolas há muito tempo, mas falta respaldo aos diretores e professores de colégios públicos para encará-lo: o uso indevido do celular nas salas de aula. Se os alunos usassem o celular para pesquisar, orientados pelos professores, como ocorre em algumas escolas, a discussão seria desnecessária. Mas a realidade é outra. Pais, mães e professores estão assustados com a concorrência das redes sociais e agora dos jogos online pela atenção dos alunos.
Escolas privadas do Rio Grande do Sul estão aos poucos adotando regras mais rígidas em relação ao uso de celulares e tablets que não sejam para atividades pedagógicas. O problema é particularmente grave nos últimos anos do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Uma das explicações para o baixo rendimento nas escolas, expresso no Ideb e em diferentes testes de avaliação, vem sendo atribuído à concorrência com o TikTok, o Instagram, o WhatsApp e outras redes que meninos e meninas preferem frequentar em vez de prestar atenção ao que diz o professor.
O vício em telas começa cada vez mais cedo. E preocupa os especialistas no Brasil e no Exterior, diante do risco de formação de gerações sem senso crítico, incapazes de ler e de compreender textos mais longos. Isso sem contar a desinformação que circula nas redes, os erros de grafia das palavras, a facilidade para fazer bullying com os colegas.
Em São Paulo, onde a Assembleia proibiu o uso do celular em sala de aula, as escolas públicas e boa parte das particulares já adotam restrições. O Rio Grande do Sul precisa fazer alguma coisa antes que seja tarde.
Governador, tenha coragem de se indispor com crianças e adolescentes que detestarão passar 4 ou 5 horas sem celular. Um dia eles agradecerão por essa contribuição ao desenvolvimento intelectual. Os pais conscientes lhe darão apoio, mas haverá os que resistirão alegando que é preciso dar liberdade aos filhos, mesmo que não tenham ensinado a eles o sentido da responsabilidade.