O jornalista Luís Felipe Santos, de Zero Hora, tem um saudável hábito de colecionar dados sobre eleições. Graças a esse cacoete, concluiu que até em números absolutos a abstenção nas eleições municipais em Porto Alegre é a maior desde 1985.
Naquele ano, em que Alceu Collares se elegeu prefeito, votaram 602.935 eleitores. De lá para cá, o eleitorado registrado cresceu, seja pelo aumento da população, seja pela incorporação dos jovens de 16 a 18 anos ao eleitorado, mas no segundo turno de 2024 votaram 714.655, o segundo mais baixo desde a volta das eleições diretas para prefeitura.
O maior número de votantes foi registrado no primeiro turno da eleição de 2012, quando José Fortunati (então no PDT) se elegeu no primeiro turno. Nessa eleição votaram 876.067 eleitores. De 2000 a 2016, o comparecimento às urnas na Capital ficou sempre acima de 800 mil. Baixou para 724.509 no primeiro turno de 2020, ano da pandemia, e subiu um pouquinho no segundo (728.034), quando Sebastião Melo (MDB) derrotou Manuela D’Ávila (PCdoB). Quatro anos depois, no ano da enchente, foram 751.076 no primeiro turno de 2024 e 714.655 no último domingo.
A que atribuir essa queda se não ao desinteresse dos eleitores, ao cansaço com os discursos repetitivos e a falta de renovação? É fato que muitos eleitores perderam os documentos na enchente ou mudaram de cidade, mas em percentuais Porto Alegre teve abstenção maior dos que outras cidades igualmente afetadas.
Em março de 2025, o Tribunal Regional Eleitoral vai realizar um seminário para discutir as causas do baixo comparecimento às urnas e o que pode ser feito para fazer o eleitor voltar a se interessar pela política de sua cidade.