O último debate do segundo turno, na RBS TV, foi o mais tenso de toda a campanha. Por cerca de uma hora e 40 minutos, Sebastião Melo (MDB) e Maria do Rosário (PT) trocaram acusações e exploraram as fraquezas do adversário.
O modelo menos engessado, com os candidatos precisando administrar o seu tempo, permitiu que cada um desse respostas mais completas e interrompesse todas as vezes que identificava alguma contradição.
Por ser a desafiante de um prefeito que está há quatro anos no poder, Maria do Rosário jogou no ataque a maior parte do tempo, enquanto Melo precisou se manter no campo de defesa, já que precisava explicar o que fez e o que deixou de fazer no período.
Já na primeira pergunta, Maria do Rosário mostrou que o debate não teria tempo para amenidades e começou questionando Melo sobre três temas delicados para a administração: saúde, educação e corrupção na Secretaria Municipal da Educação (Smed) e no Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae).
Melo reconheceu, como tem feito, que a educação vai mal e precisa melhorar e culpou os professores “que se preocupam mais com política do que com educação” pelo mau desempenho dos alunos. Confrontado com a informação de que está faltando gás nas escolas para preparar a merenda, atribuiu a falta a um ato político de diretores, que poderiam comprar o gás com o dinheiro da autonomia das instituições, enquanto não sai a licitação para o fornecimento, mas não o fazem.
Maria do Rosário fustigou Melo por sua relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro e ouviu do prefeito que ele teve uma relação republicana com o presidente anterior, como tem agora com o presidente Lula.
Quando o prefeito cobrou do governo federal a entrega de vacinas para a covid, a candidata tripudiou:
— Vejo que o senhor melhorou. Na época da pandemia o senhor pedia cloroquina para o governo federal.
Em todos os quatro blocos Melo acusou a adversária de fazer promessas que não terá como cumprir porque não cabem no orçamento da prefeitura e sublinhou que estão em jogo dois projetos de governo: o dele, de parcerias com o setor privado, e o dela, mais estatizante. Repetiu que onde o PT governo incha a máquina pública e aumenta impostos. Rosário respondeu que a prefeitura tem mais cargos em comissão hoje do que nos governos do PT.
Um dos principais embates se deu em relação à fila para a realização de exames de detecção do câncer de mama. Rosário disse que há 7 mil pessoas na fila para fazer uma mamografia. Melo contestou. Disse que a fila foi zerada e Rosário reagiu dizendo que ele faltava com a verdade. No bloco seguinte, Melo se corrigiu dizendo que zerou a fila no ano passado, mas neste mais pessoas passaram a depender do SUS, porque o IPE Saúde quebrou e a perda de poder aquisitivo dos trabalhadores empurrou milhares de famílias para o sistema público.
Quem ganhou? Os eleitores de Melo acham que foi ele. Os de Maria do Rosário têm certeza de que foi ela. Falta saber o que acharam os indecisos e os que estão dispostos a votar nulo ou em branco, porque é o voto desses eleitores que os dois precisavam conquistar no debate.