Um dia depois de a Quaest indicar o esgotamento do estilo agressivo sem propostas de Pablo Marçal, o Datafolha confirmou que o candidato do PRTB nada ganhou depois da cadeirada desferida por José Luiz Datena no debate da TV Cultura. Marçal, que subira como um foguete logo no início da campanha e dos primeiros debates, no papel de provocador profissional, estacionou nos 19% que tinha na última pesquisa do Datafolha, diante de Ricardo Nunes (MDB), que tem 27% e de Guilherme Boulos (PSOL), com 26%.
A pesquisa sugere que engajamento em rede social nem sempre é sinônimo de intenção de voto. A cadeirada fez de Marçal e Datena os candidatos mais falados nos últimos dias, mas nenhum ganhou pontos com o episódio. Pelo contrário, tudo o que Marçal conseguiu com a insistência em debochar dos adversários, atacá-los e provocar até que perdessem a paciência foi ver crescer sua rejeição para 47%, patamar que o afasta de um eventual segundo turno.
Datena seguiu empacado nos 6%, pouco atrás de Tabata Amaral (PSB), que é a menos rejeitada, mas não passa de 8% nas intenções de voto. Espécie de linha auxiliar de Marçal, Marina Helena (Novo) segue nos 3%, curiosamente o mesmo índice de Felipe Camozzato em Porto Alegre, o que dá ideia de quão baixo é o teto do Novo nas principais capitais.
A mesma pesquisa mostra que Marçal perderia no segundo turno tanto para Nunes quanto para Boulos, o que explica a estratégia do candidato do PSOL de não partir para o confronto com o ex-coach goiano.
Na pesquisa realizada nos dias 2 e 3 de setembro pelo Datafolha, Marçal chegou a protagonizar um empate triplo com Nunes e Boulos no primeiro lugar. O atual prefeito tinha 23%, Boulos e Marçal, 22%. Boulos segue como o primeiro na espontânea, em que não se apresenta um cartão com o nome dos candidatos, com 23%, contra 16% de Nunes e 15% de Marçal.
Sem tempo de rádio e TV, porque seu partido não tem deputados federais, Marçal vale-se das redes sociais, onde publica cortes de suas performances, muitas vezes descontextualizadas, e da agressividade nos debates para chamar atenção. A estratégia funcionou a ponto de os mais precipitados darem como favas contadas que ele iria para o segundo turno, isso se não vencesse no primeiro.
Antes da cadeirada, o influenciador já dava sinais de que não influencia tanto assim. Depois, no debate em que a Rede TV precisou parafusar as cadeiras no chão do estúdio, a baixaria ficou apenas na esfera verbal, com ataques que devem ter assustado os eleitores de São Paulo.
Ficha técnica
A pesquisa, encomendada pela TV Globo e a Folha de S.Paulo, foi realizada entre 17 e 19 de setembro e entrevistou presencialmente 1.204 pessoas acima de 16 anos na cidade de São Paulo. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos considerando um nível de confiança de 95%. Registro na Justiça Eleitoral sob o protocolo SP-03842/2024.
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