A Polícia Federal (PF) já abriu 85 inquéritos para investigar suspeitas de queimadas criminosas no país. Considerando-se o tamanho do Brasil e a quantidade de focos de incêndio, esse número é quase nada. Mesmo baixo, é importante registrar que só uma investigação acurada, com posterior denúncia de suspeitos e a aplicação das penas da lei, pode frear a escalada de crimes ambientais que colocam em risco a saúde e a vida das pessoas e podem provocar um colapso na economia.
Eleito com a promessa de tratar as questões com prioridade, o presidente Lula vacilou na formação do governo e esteve perto de colocar o Ministério do Meio Ambiente na bacia das almas, metáfora para os arranjos políticos que nem sempre contemplam o interesse público. Convidada para comandar uma miragem chamada de Autoridade Climática, Marina Silva bateu pé: ou seria ministra ou ficaria fora do governo.
Lula nomeou Marina para o ministério, preocupado com a repercussão negativa, aos olhos do mundo, de fritar uma ambientalista conhecida e respeitada como ela. Passados mais de 20 meses da posse, o Brasil arde em chamas e Marina não consegue se impor como a guardiã da floresta. O governo ainda não conseguiu traduzir em medidas o discurso de defesa da Amazônia, do Pantanal e de outros biomas ameaçados pela especulação.
Foi preciso que a fumaça das queimadas chegasse ao Sul e ao Sudeste para o governo enfim anunciar medidas que deveria ter adotado há mais tempo. A liberação de recursos extraordinários, fora da meta fiscal, não basta.
Hora de Lula liderar um mutirão nacional
Diante da maior seca de todos os tempos, o que facilita a propagação do fogo, o presidente Lula precisa liderar um mutirão nacional que envolva os Estados, com suas polícias e bombeiros, para identificar os responsáveis por incêndios criminosos.
O combate às queimadas, que Marina chama de “terrorismo ambiental”, exige o emprego de homens, equipamentos e inteligência para identificar os responsáveis por atear fogo em áreas públicas e privadas. Sem punição, o país seguirá de porteira aberta para os criminosos.
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