O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Passada mais da metade da corrida eleitoral, os candidatos à prefeitura de Porto Alegre ingressam no período decisivo com o desafio de tocar corações e mentes dos eleitores.
Enquanto em outras metrópoles, como Belo Horizonte e Fortaleza, quatro ou cinco concorrentes se engalfinham para chegar ao segundo turno e em São Paulo o acirramento desbordou para a violência física, na capital gaúcha a sensação geral é de que a campanha ainda não empolgou a população. Faltando 20 dias a eleição, a impressão é compartilhada entre as principais chapas na disputa.
No comitê de Sebastião Melo (MDB), a interpretação é de que uma disputa monótona favorece o prefeito, que aparece liderando a maior parte das pesquisas de intenção de voto. A avaliação interna é de que as críticas e denúncias apresentadas pela oposição não colaram em Melo, mas é esperado que a oposição suba o tom na reta final.
Aliados do prefeito projetam que, em caso de crescimento nas sondagens, há possibilidade de vitória em primeiro turno, mas a coordenação de campanha tenta conter esse discurso temendo desmobilizar a militância.
No staff petista, análise é de que o desinteresse pela campanha repete tendência cada vez mais frequente nas eleições do Estado e da Capital, no qual a população define o voto na última semana. Maria do Rosário (PT) deverá seguir apostando no discurso de que Melo mostra na propaganda uma cidade diferente da vida real e transfere responsabilidades.
A chapa também avalia começar a explorar a ligação entre Melo e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ao qual as pesquisas atribuem uma avaliação negativa no eleitorado porto-alegrense. Entre os estrategistas, há convicção de que haverá segundo turno contra o prefeito, considerando remotas as chances de crescimento de Juliana Brizola (PDT).
Enquanto isso, no comitê de Juliana, o discurso é de que o quadro está aberto e que, por ser menos rejeitada, a pedetista tem mais condições de crescer na reta final. Os planos para as semanas decisivas são de intensificar a campanha de corpo a corpo, colocando equipes em 50 pontos de grande movimentação, e atrair eleitores insatisfeitos com Melo e que não desejam votar no PT.
A propaganda eleitoral deve começar a sublinhar as diferenças entre Juliana e os dois concorrentes, passando ao largo da polarização. Para a última semana, a intenção é pregar o voto útil, argumentando que ela tem mais condições de derrotar Melo no turno decisivo.
Até o final da campanha, os candidatos à prefeitura devem se encontrar em ao menos mais sete debates. Além de Melo, Rosário e Juliana, os encontros contam com a participação de Felipe Camozzato (Novo), que prioriza a campanha na internet, centrando fogo na petista.