O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Vivendo um período sabático na Europa desde o ano passado, o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) está em um périplo pelo Rio Grande do Sul para participar de atos de campanha e apoiar candidatos nas eleições municipais. Alguns desses movimentos provocaram irritação no PL, em razão do apoio do ex-ministro a adversários locais do partido.
O caso mais ruidoso ocorreu em Caxias do Sul, onde Onyx gravou vídeo em apoio a Edson Néspolo (União Brasil), que concorre a vice-prefeito de Adiló Didomenico (PSDB), em detrimento ao candidato à prefeitura pelo PL, Maurício Scalco.
A atitude suscitou a ira dos liberais caxienses. Scalco, que além de candidato dirige o PL local, enviou ofício às direções estadual e nacional dizendo que o ato é "inaceitável" e provocou desgaste na imagem do partido e pedindo a expulsão do ex-ministro do quadro de filiados por desrespeito à disciplina partidária.
Em Gravataí, Onyx também contrariou a opção formal da sigla ao participar de ato de campanha de Marco Alba (MDB). Na cidade, o PL está na coligação de Luiz Zaffalon (PSDB).
Outro foco de ruído é Novo Hamburgo, onde a legenda apoia Gustavo Finck (PP), mas Onyx participa nesta sexta-feira (6) de jantar convocado por um movimento conservador no qual estará presente a candidata Tânia da Silva (MDB). Em nota, o PL local diz que o comportamento configura infidelidade partidária e é "passível, inclusive, de expulsão".
Em contraponto às reações, Onyx afirma que está rodando o Estado para apoiar pessoas nas quais acredita e demonstrar gratidão a quem foi leal a ele — caso de Alba, que contrariou orientação do MDB ao apoiar o ex-ministro na campanha ao governo do Estado em 2022.
— Em Caxias, eu não conheço as pessoas (do PL), e não posso negar o pedido de um amigo de 20 anos, que tem grande potencial e um grande gestor. As pessoas que hoje estão me criticando nunca conversaram comigo — afirma.
Minimizando os pedidos de expulsão, que têm chances remotas de ir adiante, Onyx lembrou que foi um dos fundadores do PL gaúcho em 1987 e um dos primeiros políticos a marchar ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro, a partir de 2017.
—Nunca construí relações políticas de ocasião, e hoje tem muita gente surfando onda e caçando likes. Sou coerente com o que defendo e gosto de ver pessoas que, mesmo em partidos que não são o meu, pensem de maneira semelhante e levem adiante nossos princípios e valores.
Nas viagens que fez até agora, Onyx já passou por cerca de 30 cidades, e pretende visitar outros 80 municípios até o dia da eleição. O plano do ex-ministro é retornar de "mala e cuia" ao Brasil no ano que vem, para preparar o caminho para a disputa eleitoral de 2026, na qual almeja concorrer novamente ao Palácio Piratini.