O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Líderes do PT gaúcho estão incomodados com a mudança no tom do governador Eduardo Leite, que passou a criticar a União com mais ênfase nas últimas semanas. Na avaliação do deputado Miguel Rossetto (PT), Leite "comenta o que o Lula faz, e não é capaz de fazer o básico".
A principal cobrança dos petistas ao Piratini neste momento é a liberação dos R$ 882,9 milhões que estão parados no Fundo do Plano Rio Grande, o Funrigs. Os recursos estão disponíveis para consulta no portal da transparência do Estado.
— É inadmissível que o governo tenha R$ 800 milhões em caixa, não aplicados, não investidos no RS, por conta do atraso injustificável da implementação do fundo e do conselho do fundo. Aprovamos a criação da conta na Assembleia no dia 21 de maio, em caráter de urgência. E o Leite ainda fica criticando o Lula. Não faz o que deve ser feito e reclama de quem faz — dispara Rossetto.
O deputado promete que a aplicação imediata dos recursos será a pauta prioritária do PT gaúcho a partir da próxima semana. Rossetto é líder da bancada petista na Assembleia.
Na última sexta-feira (2), o governo estadual publicou uma resolução que disciplina os procedimentos para cadastro de ações, projetos ou programas no Plano Rio Grande. Esse é o texto que dita os trâmites necessários para obter recursos do Funrigs.
De acordo com o Piratini, os projetos solicitando montantes da conta já podem ser encaminhados ao governo do Estado, seguindo os trâmites estabelecidos pela resolução. A liberação dos recursos fica sob responsabilidade do comitê gestor do Funrigs, que já está instalado e vai avaliar as propostas.
Falta ainda a instalação do conselho do Funrigs, que será responsável por fiscalizar a aplicação dos recursos da conta. O grupo será formado por representantes do governo, de universidades, entidades empresariais, centrais sindicais e ambientalistas, além da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), da Assembleia Legislativa e da Associação Riograndense de Imprensa (ARI).
Leite defende "centro radical"
Leite elevou o tom das cobranças ao governo federal nas últimas semanas, exigindo mais recursos e medidas para auxílio à reconstrução do Estado. A nova estratégia começou em julho, aliado a uma reformulação das políticas de comunicação do Piratini.
O governador passou a adotar uma postura mais combativa e de enfrentamento, completamente diferente do tom conciliador que vinha adotando desde que foi eleito ao Executivo gaúcho em 2018. Em postagem recente no seu Instagram, Leite defende um "centro radical" para o Brasil, como alternativa aos extremos da direita e da esquerda.
A cobrança mais recente por soluções da União ocorreu na última quinta-feira (8), em ato do Movimento SOS Agro RS. Leite sustentou que as medidas do Governo Lula anunciadas até agora para o setor da agropecuária são "insuficientes".
— O tratamento que é dado ao Sul do Brasil, e especialmente ao Rio Grande do Sul, é desleal do ponto de vista federativo e está desequilibrado por demais. Não estamos lutando para tirar recursos das outras regiões, mas, sim, por um tratamento adequado ao Rio Grande, mais ainda diante das calamidades que temos enfrentado. Não nos contentamos com o pouco que ofereceram ao Estado até agora e que estão colocando na mesa para o agro gaúcho.