Uma seca sem precedentes, com temperaturas recordes para o mês de agosto, não é suficiente para explicar a proliferação de incêndios no Centro-Oeste, no Sudeste e no Norte do Brasil. A mistura explosiva contém mais dois ingredientes altamente inflamáveis: a política e o crime (organizado ou praticado por bandidos a serviço de interesses impublicáveis).
Quem acompanha a previsão do tempo sabe que o ar seco e a falta de chuva têm predominado em metade dos Estados brasileiros, o que seria suficiente para explicar incêndios acidentais. Nos últimos dias, porém, surgiram indícios de que a culpa não é só das mudanças climáticas: há suspeita de queimadas criminosas, em alguns casos para cultivo da terra, em outros motivadas por ideologia, o que exige uma apuração minuciosa para não incorrer no risco da leviandade. Onde entraria a ideologia? Na tentativa de responsabilizar o governo, usando as redes sociais.
Em Goiás, a Polícia Civil prendeu um suspeito de atear fogo em fazendas, em troca de R$ 300. O suspeito confessou o crime e disse que agiu a mando de um homem chamado Rogério. Uma onda de incêndios simultâneos no interior de São Paulo deixou 48 cidades em estado de alerta para queimadas.
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, levantou a suspeita de que os incêndios tenham sido criminosos, mas não avançou em relação à motivação:
— O fogo não surge de forma espontânea. Acompanhando as imagens de satélite, nenhum incêndio nas últimas semanas aconteceu por conta de um raio. Todos os incêndios são causados por ação humana, em alguns casos por acidente ou descuido. Mas o que a gente vem observando é que a maior parte dos incêndios no Brasil acontece porque alguém coloca esse fogo.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que o governo investiga se esses episódios são semelhantes ao “dia do fogo”, quando incêndios florestais foram provocados por criminosos em agosto de 2019 nos municípios de Altamira e Novo Progresso, Pará.
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