Na sala de estar da acanhada casa que a ONG Via Vida ocupa no bairro Jardim do Salso, os olhares são de esperança: chegará o dia em que cada hóspede (a maioria crianças e adolescentes) receberá o esperado telefonema dizendo que chegou um órgão compatível com aquela pessoa que precisa do transplante para continuar vivendo. Então haverá correria rumo ao hospital indicado e alegria na casa em que estranhos se transformaram numa grande família. Ali também convivem pacientes já transplantados, enquanto aguardam o momento de voltar para suas casas.
A Via Vida vive de solidariedade. De voluntários que contribuem para a manutenção da casa, mas é muito mais do que um abrigo para os que esperam. É uma instituição que trabalha para conscientizar as pessoas sobre a importância de se declararem doadoras de órgãos e que está preparada tecnicamente para levar profissionais e materiais didáticos às escolas (alô, secretária Raquel Teixeira), cumprindo o que manda a lei.
Apesar do domínio da técnica de transplantes complexos em diferentes hospitais, o Brasil ainda está muito atrás de países como a Espanha, para citar apenas um exemplo. Mesmo com o elevado número de acidentes fatais de trânsito, nem sempre as famílias aceitam autorizar a retirada dos órgãos para transplante, seja por falta de informação, seja pela dúvida em relação ao desejo do seu ente querido. O que a Via Vida faz é mostrar que uma vida pode ser multiplicada, com o aproveitamento de coração, pulmões, rins, córneas e pele. Essa conscientização passa pelas escolas.
Não menos importante é o papel do acolhimento aos que esperam sua vez na fila ou que já receberam o órgão e precisam se manter próximos do hospital. A Via Vida conquistou uma sede própria no bairro Petrópolis, que permitirá duplicar o número de pessoas atendidas. Hoje são 23 em um lugar onde teoricamente só cabem 20 e, à noite, sofás precisam virar camas.
Graças à prefeitura, que doou o terreno, e aos voluntários que entraram com o material e a mão de obra, a ONG construiu um prédio que deveria ter sido inaugurado neste mês, mas a enchente de maio prejudicou a conclusão e a mudança deve ocorrer em setembro. A enchente levou também parte das doações de móveis destinados a equipar a casa nova.
Hoje, o custo mensal da Via Vida é de R$ 60 mil, com aluguel, alimentação, limpeza, higiene, luz, água, funcionários. Por isso, a Via Vida busca novos parceiros que ajudem a manter a casa nova. Há muitas formas de ajudar. A primeira é com dinheiro, preferencialmente com o compromisso de uma doação mensal, o que ajuda a garantir previsibilidade no pagamento dos serviços. Se uma empresa se dispuser a pagar a luz, outra o gás, uma terceira a água, ficará mais fácil manter os leitos com as doações de pessoas físicas, que podem “adotar um leito” (ou meio). A doação de um leito, para manter um paciente, custa cerca de R$ 3 mil. Outra forma é doar até 6% do Imposto de Renda devido para o Fundo da Criança e do Adolescente, indicando a Via Vida como entidade beneficiada. Há, ainda, a possibilidade de doação direta de cestas básicas, roupas para uso dos pacientes ou para venda no brechó beneficente.
Se você quiser saber mais sobre o trabalho da Via Vida, entre no Instagram da ONG (@viavidapro) ou no site viavida.org.br. Os pacientes e voluntários serão ternamente gratos.