Para desfazer a má impressão deixada nos integrantes do governo de Eduardo Leite em relação ao fato de ter ficado sabendo da visita do presidente Lula ao Estado, nesta quinta-feira (6), quando estava em trânsito para Brasília, o ministro da Reconstrução agiu rápido. Na manhã de hoje, Pimenta ligou para Leite e transmitiu o convite do presidente Lula para que retorne de carona no avião presidencial. Será uma oportunidade ímpar de o governador passar a limpo as demandas do Estado que ainda não foram atendidas.
Leite aceitou, até porque, em voo de carreira, não teria como acompanhar a quarta visita de Lula ao Estado desde que a enchente começou, como fez nas anteriores:
— É o único jeito de conseguir acompanhar a agenda. Senão, teria que voltar com escala em Florianópolis e só conseguiria chegar ao meio-dia no Rio Grande do Sul — disse Leite à coluna.
Leite foi a Brasília participar de um evento do Dia do Meio Ambiente e marcou agendas com integrantes do Executivo e com os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco.
Além de articular ações com a ministra Marina Silva junto do Comitê Científico de Adaptação e Resiliência Climática, estabelecido no plano de reconstrução, Leite apresentou a Lula, Pacheco e Lira as pautas urgentes e prioritárias para o Rio Grande do Sul, que ainda não foram contempladas pelo governo federal.
A primeira é o Programa para Manutenção de Empregos e Renda, com apoio a empresas no pagamento da folha para evitar demissões. De um total de 505.759 CNPJs registrados na Junta Comercial no RS (descontadas as empresas individuais), o governo detectou, pelos mapas de inundação e georreferenciamento, 35.719 estabelecimentos em áreas atingidas pelos alagamentos.
A segunda é a recomposição das receitas do Estado e dos municípios. O governo estadual projetou perda de arrecadação de R$ 10 bilhões até o fim do ano. Leite sustenta que a manutenção de serviços críticos e essenciais à população depende da recomposição dessa receita perdida, que só a União tem capacidade de suportar.
O presidente decola de Brasília às 7h, acompanhado de mais um grupo de ministros, e pousa na Base Aérea de Canoas. De lá, vai de helicóptero para Cruzeiro do Sul e, depois, para Arroio do Meio. Pelo menos três ministros virão com o presidente: Valdez Goes (Integração Nacional), Jader Filho (Cidades) e Camilo Santana (Educação), que continuará no Estado para cumprir agendas na sexta-feira.
Jader já recebeu um relatório preliminar dos problemas de moradia em Cruzeiro do Sul e Arroio do Meio. Em Cruzeiro do Sul são 300 destruídas e 550 danificadas. Em Arroio do Meio, 1.050 destruídas e 550 danificadas. O ministro já fez três reuniões, por videoconferência, com prefeitos de 74 municípios. Hoje terá mais uma com outros vinte prefeitos. Até agora, foram contabilizadas 41,8 mil moradias destruídas, mas o número será muito maior quando entrarem os dados finais de Porto Alegre, São Leopoldo, Canoas, Eldorado do Sul e Guaíba. Ainda há áreas urbanas alagadas e locais da zona rural em que ainda não foi possível fazer o levantamento dos estragos provocados pela enchente.