Mais importante do que a presença do presidente da República nos locais de tragédias é o socorro do governo federal às pessoas afetadas e à estrutura dos municípios atingidos. Mesmo assim, desta vez o presidente Lula não tem desculpa para não vir ao Rio Grande do Sul assolado por mais uma catástrofe climática. Lula precisa sobrevoar cidades do Vale do Rio Pardo e da região Central para ter ideia da dimensão do desastre, que tende a superar o que ocorreu em setembro de 2023.
Naquele que devastou o Vale do Taquari, o presidente tinha a desculpa da viagem para a reunião do G20 ou da cirurgia a que se submeteu. Agora é preciso mostrar que está preocupado com a situação dos gaúchos e, além de mandar os ministros que estão a caminho e os recursos materiais prometidos, ver com seus próprios olhos o que pelos vídeos parece filme de terror.
Enquanto escrevo estas linhas, recebo a foto de Lula brincando de bater bola numa visita ao estádio do Corinthians, em São Paulo. Ora, dirão os defensores do presidente, ele estava em São Paulo para celebrar o Dia do Trabalhador e não tem como fazer parar a chuva — e é verdade —, mas já deveria estar a caminho do Rio Grande do Sul. Nada justifica a ausência.
Lula pode desembarcar em Santa Maria, terra do ministro Paulo Pimenta, que tem uma Base Aérea bem equipada, e dali voar de helicóptero para ver como estão as cidades, as plantações, as estradas encobertas pela água, as pontes destruídas. Ou desembarcar em Porto Alegre e do Salgado Filho embarcar no helicóptero para essa região, reabastecer (se for preciso) e sobrevoar a Serra, igualmente castigada. Ali ele verá a terra derretendo feito sorvete, soterrando casas, carros, gente.
O Rio Grande do Sul virou um conjunto de ilhas, com cidades isoladas e pessoas gritando por socorro. Já são 10 vidas perdidas e mais dezenas de desaparecidos que podem estar mortos ou simplesmente não conseguem contato para dizer que estão vivos.
Pimenta e os ministros dos Transportes, Renan Filho, e da Integração Nacional, Waldez Goes, estão se preparando para viajar ao Rio Grande do Sul. Pimenta e Lula já falaram com o governador Eduardo Leite, e o ministro quer se reunir com os prefeitos, mas até isso hoje é impossível: ninguém sai por terra de Candelária, Sobradinho, Sinimbu, Roca Sales, Encantado, Muçum, Caxias do Sul, Farroupilha e tantos outros que estão isolados por barreiras. Pimenta disse que o governo vai garantir todo o apoio material para os municípios afetados e para as pessoas que perderam tudo, mas ainda assim é importante que o presidente venha o mais depressa possível prestar solidariedade aos gaúchos.