Matéria atualizada com correção às 11h25min de sábado
Com o Rio Grande do Sul duramente afetado pela enchente, seria razoável que a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) cancelasse a Marcha dos Prefeitos a Brasília, prevista para ocorrer de 19 a 23 de maio. Seria uma manifestação de respeito aos prefeitos gaúchos, que não podem (e não devem) abandonar suas cidades em meio à crise.
De mais a mais, essas marchas têm resultados pálidos e acabam virando mais um encontro de confraternização, com discursos que não têm qualquer consequência.
No caso dos prefeitos gaúchos, aqueles que já receberam diárias para participar do encontro deveriam devolvê-las imediatamente, em respeito aos cidadãos que estão nos abrigos ou nas casas de parentes. Não é preciso ir a Brasília expor as necessidades dos municípios: o governo federal tem uma sucursal em Porto Alegre, com um ministro dedicado a cuidar dos planos de recuperação e uma equipe pronta para receber as demandas em reuniões individuais ou em grupo.
Com o Aeroporto Salgado Filho fechado, dependendo da região o prefeito ainda teria de fazer longos deslocamentos para tomar um voo rumo a Brasília.
No portal de transparência do município você pode conferir se o seu prefeito já recebeu as diárias de viagem.
Em São José dos Ausentes, o portal da prefeitura registra adiantamento de R$ 100 mil em diárias para a comitiva, que inclui o prefeito, assessores e secretários.
Presidente da Confederação Nacional dos Municípios contesta coluna
Indignado, o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, telefonou para contestar a opinião da coluna. Aos gritos, disse que a Marcha dos Prefeitos já conseguiu "bilhões e bilhões de reais" para os municípios brasileiros e que não admite a afirmação de que as marchas "têm resultados pálidos e acabam virando mais um encontro de confraternização".
Segundo ele, as 25 marchas de prefeitos a Brasília resultaram em R$ 1,7 trilhão para os municípios brasileiros, sendo R$ 85 bilhões para o Rio Grande do Sul.
O presidente da CNM diz que os prefeitos dos municípios atingidos pela enchente não podem se contentar com as migalhas oferecidas pelo governo federal ou com as emendas parlamentares e que se gastarem R$ 100 mil com a viagem, compensa, porque vão receber retorno muito maior.
Ziulkoski atribuiu à Marcha dos Prefeitos até mesmo a decisão do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal que suspendeu por 60 dias a liminar obtida pelo governo para retomar a cobrança da alíquota de 20% do INSS das prefeituras. Com isso, os municípios terão a desoneração por pelo menos mais dois meses e seguirão pagando 8%.
Correção e pedido de desculpas
Por mais de 12 horas, esta notícia circulou com a informação errada de que a prefeitura de Bom Jesus era a que tinha em seu site o adiantamento em diárias no valor de mais de R$ 100 mil. Por esse erro, peço desculpas à prefeita Lucila Maggi (MDB). A informação se referia à prefeitura do município vizinho de São José dos Ausentes.