Novo ídolo dos que consideram as redes sociais como terra de ninguém, o bilionário Elon Musk resolveu comprar a briga das milícias digitais com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Não é exatamente pela democracia que briga o "reizinho" que comprou o Twitter para transformá-lo em X. São negócios. Na visão do Midas que transforma em ouro tudo o que toca, o Brasil tem de se curvar a ele porque é o dono da bola.
Quem é Elon Musk para pedir o impeachment de um ministro do Supremo? Um incendiário, nada mais.
Quem tem de decidir se um ministro extrapolou suas funções e precisa ser punido é o Senado Federal, não um ricaço a serviço da desinformação, que ganha dinheiro com as fake news, combatidas pelo ministro Moraes. E a soberania do país, como fica?
Não é de se admirar que existam deputados e senadores hipnotizados pelo discurso de Musk, porque ele diz o que gostariam de ouvir e, nessa hora, esquecem que o autodeclarado "absolutista da liberdade" se comporta como um déspota, convencido de que o dinheiro tudo compra.
Goste-se ou não de Alexandre de Moraes, é preciso reconhecer que ele foi gigante na defesa da democracia antes, durante e depois da eleição. Antes, combatendo as fake news que tentavam desmoralizar o processo eleitoral para tentar manter Jair Bolsonaro no poder, caso lhe faltassem votos. Durante, porque barrou a ação da Polícia Rodoviária Federal, que tentava impedir eleitores de chegar às urnas na Bahia, onde as pesquisas mostravam ampla vantagem do candidato Lula. Depois, porque mostrou aos golpistas do 8 de janeiro que não estão acima da lei.
A cada novo detalhe da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid fica mais claro que houve, sim, uma tentativa de evitar a posse do presidente eleito. O golpe não deu certo porque os comandantes do Exército e da Aeronáutica não embarcaram na aventura, mas os inconformados com o resultado da eleição planejaram o 8 de Janeiro, uma patacoada que resultou no quebra-quebra no Palácio do Planalto, no Congresso e no Supremo Tribunal Federal.
Não por acaso, quem está vibrando com a ameaça de Musk de deixar o Brasil são aqueles que tratam o 8 de Janeiro como um ingênuo passeio no parque, em que militantes cheios de boas intenções foram induzidos a produzir o quebra-quebra. Tudo indica que Musk está blefando. Ele precisa do mercado brasileiro, mas quer brincar de queda-de-braço com as instituições.
ALIÁS
Para que não prospere a desinformação, o Congresso precisa regulamentar a atuação das empresas de tecnologia, para que se responsabilizem pelo conteúdo disseminado nas redes, principalmente quando se identifica a prática de crimes.