Quem olha para um parque eólico à distância, ou mesmo de baixo para cima, tem dificuldade para imaginar que no alto daquelas torres de mais de 100 metros de altura estejam aerogeradores com mais de 50 toneladas, tão pesados que precisam ser montados por partes. Cada pá mede cerca de 80 metros e é possível caminhar dentro de cada uma delas.
Esses equipamentos foram mostrados ao governador Eduardo Leite nesta sexta-feira (19), durante visita ao centro de treinamento da Nordex, uma das maiores fabricantes mundiais de equipamentos para a produção de energia eólica e que já tem fábricas no Brasil.
Na visita, em Hamburgo, na Alemanha, Leite conheceu o funcionamento dos aerogeradores e um modelo da linha Delta, a mais moderna da empresa. Com a direção da Nordex, o governador assinou um protocolo de intenções para instalação de uma fábrica de torres de concreto no Rio Grande do Sul. O compromisso do Estado seria garantir os incentivos que já oferece a outras empresas do ramo da energia limpa.
Para que isso ocorra, é preciso que a Nordex seja contratada pelas empresas que têm projetos de parques eólicos à espera de condições adequadas (financiamento e preço da energia) para começar a construção. Hoje, o preço da energia no Brasil e considerado muito baixo, devido ao excesso de oferta decorrente da abundância de água nos reservatórios das hidrelétricas.
Leite explicou que, a partir do memorando assinado, o governo e a Nordex passarão a trocar informações que ajudem a viabilizar o investimento.
A gigante alemã da energia eólica nasceu na Dinamarca, há 40 anos, mudou de país e se associou à espanhola Acciona. Foi uma dessas unidades da Nordex Acciona que os deputados Luiz Fernando Mainardi e Valdeci Oliveira (PT) visitaram no início da semana em Pamplona, na Espanha.
Na avaliação do chefe da Casa Civil, Artur Lemos, as duas ações não são excludentes:
— Toda prospecção é bem-vinda. Nós temos mais de 7 mil giga watts licenciados e queremos atrair essas empresas.
Em um primeiro momento, a Nordex avalia que não é economicamente viável produzir os naceles (coração dos aerogeradores) nem as pás no Rio Grande do Sul. A largada seria pelas torres de concreto, com importação dos naceles e pás da Espanha, entrando pelo porto de Rio Grande. A companhia já tem fábricas no Nordeste, onde conseguiu financiamentos subsidiados.
O diretor de grandes contas da Nordex, Fernando Tamayo, lamentou que desde 2014 o Brasil não tenha novos projetos de parques eólicos. As obras que estão em andamento são de projetos anteriores a essa data. Como o Brasil elegeu a energia limpa como prioridade, a expectativa é de que novos projetos para as quais a empresa já encaminhou orçamento saiam do papel em 2025.
Potencial de investimentos
Diretor do Sindicato das Indústrias de Energias Renováveis do RS (Sindienergia-RS), Guilherme Sari acompanhou tanto a visita do governador à Nordex na Alemanha quanto a reunião dos deputados do PT na sede da empresa na Espanha.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, Sari estimou que a margem atual disponível para a produção de energia eólica no RS seria capaz de atrair investimentos de até R$ 40 bilhões ao longo dos próximos anos.