Apesar de a relação com o agronegócio ter serenado na comparação com 2023, o presidente Lula achou por bem mandar o vice-presidente Geraldo Alckmin em seu lugar na abertura oficial (e sem público) da Agrishow, de Ribeirão Preto (SP). Com Alckmin foram também os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, com bom trânsito no setor, por ser produtor rural, e o ministro do Desenvolvimento Rural, Paulo Teixeira.
Alckmin, que é uma espécie de quebra-gelo na relação com empresários em geral, chegou à feira acompanhado da esposa, Lu. Os dois não hesitaram em colocar um chapéu na cabeça e andaram de mãos dadas entre os estandes.
A presença do vice-presidente, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, indica uma inflexão na relação com o agronegócio, depois do episódio de 2023, quando a abertura foi cancelada porque o ministro da Agricultura foi “desconvidado” pelos organizadores. Como o ex-presidente Jair Bolsonaro havia confirmado presença, a organização recomendou que Fávaro transferisse a participação para outro dia. O ministro da Agricultura estrilou e a abertura foi suspensa.
Desta vez, a abertura oficial ocorreu sem a presença do público, que participa a partir de hoje. Alckmin discursou para convidados e jornalistas. O presidente da Agrishow, João Carlos Marchesan, elogiou o governo federal por apoiar a agropecuária no país. Questionado pelos jornalistas sobre o impasse entre Legislativo e Executivo, em relação às chamadas pautas-bomba, o vice-presidente disse que a responsabilidade fiscal é obrigação de todos. Após o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) criticar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por dizer que o Congresso desidratou projetos para ajustar as contas públicas, Alckmin tentou colocar panos quentes e defendeu "diálogo entre poderes":
— A responsabilidade fiscal é um dever de todos. É com boa política fiscal que vamos ter política monetária melhor, com redução de juros e crescimento da economia. É um compromisso de todos, e o caminho é o diálogo.