A saída do vice-prefeito Ricardo Gomes e o anúncio de que não será candidato na eleição de outubro incendiaram o PL gaúcho no fim de semana. No MDB, acendeu-se o sinal de alerta diante dos sinais de que o PL, depois de prometer apoio a Sebastião Melo, caminha para ter candidato próprio.
O racha é visível a olho nu e ficou escancarado com a escolha, pela direção nacional, do deputado Luciano Zucco para presidir o diretório de Porto Alegre. Zucco, que recém deixou o Republicanos, assume o cargo nesta segunda-feira (18). Em vez de terno e gravata, deveria vestir o uniforme de bombeiro.
— O PL é o maior partido do Brasil e sairá fortalecido desse processo . Tudo vai se acalmar. Vamos ter uma construção forte para as eleições municipais . Os vereadores estavam muito incomodados e a nominata (para a Câmara de Vereadores) não está boa . Nas próximas duas semanas, vou focar na construção de uma nominata forte — disse Zucco à coluna.
O deputado reafirmou o que já vinha dizendo: não será candidato a prefeito de Porto Alegre.
— Sobre minha caminhada, está muito cedo pensar, mas garanto que não sou candidato este ano.
Zucco disse também que sua relação com Ricardo Gomes e com os Lorenzoni (o deputado Rodrigo Lorenzoni e seu pai, o ex-ministro Onyx Lorenzoni) é boa, mas evitou responder sobre o clima com o presidente do PL, Giovani Cherini:
_ São meus amigos e tudo vai se ajustar. Vamos estar juntos. Sobre Cherini, prefiro não comentar.
A direção nacional do PL está fechada com Zucco. No fim de semana, o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, divulgou nota oficial com o título "Considerações sobre as movimentações do PL em Porto Alegre". Na nota, Costa Neto ressalta que a estratégia nacional do PL é contar com candidatos próprios nas principais cidades brasileiras "e Porto Alegre não poderia ficar de fora, haja vista sua importância estratégica para o debate de ideias e propostas da direita conservadora para o pleito que se avizinha".
A nota diz que o vice-prefeito Ricardo Gomes, "um dos quadros políticos mais bem preparados do PL gaúcho, já vinha sinalizando a interlocutores que deixaria a vida pública ao final deste mandato para se dedicar à iniciativa privada, uma decisão de foro íntimo que precisamos entender e respeitar".
Segue a nota: "Dessa forma, é natural que o PL de Porto Alegre se movimente no sentido de seguir com nosso projeto político. É preciso definir uma nominata com líderes fortes, formada por homens e mulheres que comunguem os princípios da sigla. E para quem deseja ser protagonista, a hora é agora".
Mais do que uma disputa entre grupos para ver quem é mais bolsonarista (Zucco é o líder mais próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro), o movimento do PL em Porto Alegre é pragmático: o partido vem fazendo consultas para saber até que ponto o escândalo da Secretaria Municipal da Educação (Smed) pode abalar a candidatura de Melo à reeleição.
O maior medo é entregar a eleição para o PT.