O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Cedida ao PP na concertação política que dá sustentação ao governo Eduardo Leite, a Secretaria Estadual do Turismo (Setur) completou seis meses sem titular. A pasta está sendo comandada por um interino desde julho do ano passado, quando o ex-deputado Vilson Covatti se afastou do cargo para tentar vaga de desembargador no Tribunal de Justiça Militar do Rio Grande do Sul (TJM-RS).
Embora a exoneração de Covatti tenha sido publicada no Diário Oficial, jamais houve anúncio formal de uma saída governo — na época, o político disse que estava se licenciando por cerca de 30 dias. Desde então, a secretaria está sendo conduzida interinamente pelo adjunto, Luiz Fernando Rodrigues Júnior, auditor de carreira com larga experiência na gestão pública e homem de confiança da família Covatti.
Apesar da situação inusitada, tanto o partido quanto o Palácio Piratini evitam estipular um prazo para a definição do novo titular. Presidente estadual do PP, o deputado federal Covatti Filho diz que pretende conversar com o governador nesta semana e incluir o assunto na pauta da reunião.
—Esse assunto ficou em standby até em razão do recesso. Nós temos interesse na efetivação do Luiz Fernando, mas temos de ver se essa é a vontade do governador, se ele busca algum outro tipo de perfil ou mesmo se vai aguardar a situação do Covattão — diz o deputado, filho do secretário afastado.
A posse na Setur, posto cobiçado por diferentes partidos aliados na montagem do governo, marcou a volta de Vilson Covatti a cargos públicos após um hiato que perdurava desde o início de 2015. O ex-deputado e seus familiares se engajaram na campanha de Leite à reeleição no segundo turno, contrariando a opção partidária de apoiar Onyx Lorenzoni (PL). Ao assumir o cargo, ele traçou uma meta ousada de dobrar a participação do turismo no PIB gaúcho, de 4% para 8%.
As chances de retorno ao cargo, entretanto, são remotas, diante do extenso período de afastamento. Advogado, Covatti tenta obter a indicação para o TJM-RS em vaga a ser preenchida pela seccional gaúcha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ele teve o nome rejeitado pelo relator do processo e está recorrendo para tentar figurar na lista de possíveis indicados.
No ano passado, Leite chegou a convidar o deputado estadual Guilherme Pasin (PP) para assumir a pasta. A nomeação estava encaminhada, mas sofreu reviravolta quando o governador apresentou o projeto de aumento do ICMS, que teve Pasin como um dos artífices da derrubada.
No Piratini, a avaliação é de que a ausência de um titular não é empecilho para o funcionamento da secretaria. Chefe da Casa Civil em exercício, Gustavo Paim afirma que a pasta está trabalhando a pleno e cita recentes anúncios de investimentos no Estado, como o complexo de luxo Club Med, que será erguido em Gramado, e os resorts da dupla Grenal anunciados para São Francisco de Paula.
— A secretaria tem um secretário, tem uma equipe técnica e o trabalho está acontecendo. Em momento algum a pauta ficou em segundo plano para o governo. Ser titular ou interino é um adjetivo muito menos importante do que o fato de a secretaria estar dando resultado— pondera Paim.
Atualmente, todas as outras 27 secretarias do Estado têm titulares nomeados.
Aliás
Enquanto aguarda a definição sobre a efetivação no cargo, Luiz Fernando Rodriguez Júnior tem cumprido agendas ao lado do governador. Ele esteve com Leite na sexta-feira (26) em Passo Fundo, visitando obras financiadas pelo programa Avançar, e no sábado (27), no Paleta Atlântida, evento voltado ao churrasco no Litoral Norte.