Engajado em debates sobre uma eventual frente ampla de centro-esquerda em Porto Alegre na eleição de 2024, o ex-prefeito José Fortunati foi convidado a contribuir com o programa de governo da chapa de oposição encabeçada pela deputada federal Maria do Rosário (PT), com o vice indicado pelo PSOL. O convite foi feito pela própria petista e por dirigentes socialistas no dia 22 de dezembro.
Ao longo dos próximos meses, PT e PSOL pretendem organizar debates em bairros e comunidades da Capital para formular o programa de governo. Embora ainda não tenha dado uma resposta definitiva, Fortunati se colocou à disposição para participar da construção.
Na visão do ex-prefeito, três temas são urgentes e precisam ser priorizados pelo programa de governo da oposição: transporte, saúde e assistência social. Contrário à privatização da Carris, Fortunati também contesta o plano do prefeito Sebastião Melo de conceder à iniciativa privada a administração do Dmae.
— Como fui prefeito da cidade, compreendo razoavelmente sobre todas as áreas. A minha contribuição, se ocorrer, vai ser de forma ampla. Sou absolutamente contra a privatização do Dmae. O que está acontecendo no mundo é uma reestatização do sistema de água e saneamento — diz o ex-prefeito.
Sem clima para continuar no União Brasil, Fortunati ainda não anunciou para qual partido irá migrar. O ex-prefeito conversa com PDT, PSB e Rede — esta última forma federação com o PSOL. Ao ser questionado, Fortunati repete sempre que não disputará cargo público em 2024 e afasta a hipótese de ser vice da chapa.
Indagada pela coluna, Maria do Rosário afirma que o objetivo é contar com o conhecimento do ex-prefeito para construir o programa de governo.
— Fortunati é uma figura singular. Tem conhecimento e muito amor pela cidade. Não houve em nenhum momento uma conversa sobre composição de chapa. A composição é formada pelos partidos — ressalta a petista.
Presidente estadual e pré-candidata do PSOL à prefeitura, a deputada Luciana Genro também enfatiza que o diálogo com Fortunati não inclui tratativas sobre a composição da chapa.
— Ele tem experiência, recebeu bem a nossa proposta. Ainda está resolvendo o que vai fazer do ponto de vista partidário. Ele não vai ser o vice da Maria do Rosário. O nosso diálogo não é para ele ser parte de uma chapa ou de eventual governo — destacou Luciana.