Se a cidadania italiana foi conquistada por descendência, o título de Cidadão de Porto Alegre, recebido nesta terça-feira (5) à noite pelo jornalista Daniel Scola é um reconhecimento ao talento, à decência e ao profissionalismo deste caxiense de 47 anos. Proposta pelo vereador Jessé Sangalli (Cidadania), a homenagem emocionou os colegas que foram à Câmara prestigiar Scola e os vereadores que tantas vezes foram entrevistados por ele na condição de repórter ou de apresentador.
O prefeito Sebastião Melo, deputados e vereadores de diferentes partidos participaram da solenidade e saudaram Scola, pai de Joana e Tereza, que em 2021 "perdeu o chão" ao receber o diagnóstico de um câncer raro em adultos, o meduloblastoma.
— Tu és daquelas figuras que honram o jornalismo do Brasil, pela ética, pela retidão — enalteceu Melo.
Em seu discurso, Scola relembrou a trajetória iniciada na imprensa de Caxias do Sul e o sonho de vir a Porto Alegre para trabalhar na principal rádio de jornalismo do Rio Grande do Sul, a Gaúcha. Chamado para cobrir as férias de um colega, Scola conta que desembarcou na rodoviária da Capital sem saber sequer onde ficava o Grupo RBS. Cumpriu o período temporário, convenceu e foi convidado a permanecer.
— Era um sonho se tornando realidade. Só tinha um problema: eu morava e estudava em Caxias, mas trabalhava em Porto Alegre. Gastava R$ 750 de passagem e meu salário era de R$ 516. Graças aos meus pais, conseguia fechar o mês. Eu não conhecia Porto Alegre. Desembarquei na rodoviária sem saber o caminho da RBS. Ainda bem que uma boa alma me indicou o caminho até o terminal de ônibus da Salgado Filho. Lembro da primeira pauta de repórter: o povo nas ruas, um quadro do Polêmica do Lauro Quadros — narrou o jornalista.
O resto da história é conhecida: Scola destacou-se como repórter político, fez coberturas internacionais históricas, como a do terremoto no Chile, em 2010, galgou espaços na apresentação da Gaúcha e, em 2013, tornou-se apresentador do Gaúcha Atualidade.
Em 2021, o jornalista foi para a cirurgia imaginando tratar-se de um tumor benigno, confiante de que, em um mês, estaria de volta ao microfone. Depois de seis ciclos de quimioterapia e 30 sessões de radioterapia, sempre com o apoio da esposa Gabriella Bordasch, Scola estava curado do câncer.
Em breve, sua história será livro, com um capítulo dedicado a contar da recente viagem à Itália em que se encontrou com o Papa Francisco no refeitório da Casa Santa Marta, no Vaticano.
Amigos e colegas de trabalho formaram fila para abraçar um dos jornalistas mais queridos do Grupo RBS.