Com exceção do Atlas Intelligence, nenhum instituto de pesquisa previu o que ocorreu no primeiro turno da eleição argentina, com Sergio Massa chegando em primeiro lugar, mas os números ficaram bem distantes da realidade - quase sete pontos percentuais à frente de Javier Milei. Todos os outros mostravam Milei à frente, a ponto de o candidato se empolgar com a possibilidade de vitória já no primeiro turno.
Para justificar o erro, os institutos na Argentina têm um álibi: aqui a lei proíbe a divulgação de pesquisas nos dias que antecedem a eleição. Neste ano, a vedação começou no dia 15 de outubro. Logo, não foi possível captar a movimentação de eleitores na semana decisiva da campanha, quando boa parte dos eleitores decide seu voto e os candidatos realizam os últimos comícios.
O Atlas trouxe Massa à frente de Milei, mas só acertou a posição. Pela pesquisa, o candidato peronista teria 30,9% dos votos e o ultraliberal, 26,5%, tecnicamente empatado com Patricia Bullrich (24,4%).
Na última pesquisa divulgada pela CB Consultora, em 14 de outubro, Milei e Massa apareciam tecnicamente empatados, o primeiro com 29,9% das intenções de voto e o segundo com 29,1%. O instituto até acertou o percentual de Milei (29,98%), mas o de Massa ficou fora da margem erro (36,68%).
Os dois institutos fizeram simulações de segundo turno, mas com o erro do primeiro a credibilidade está em jogo. Na pesquisa da CB, os dois estariam tecnicamente empatados no segundo turno, com 36,9% para Milei e 35,5% para Massa. No levantamento da Intel, Milei teria 41,3% dos votos no segundo turno e Massa, 38,9%.
Os erros mais grosseiros foram cometidos pelos institutos Synopsis Consultores e Opina Argentina. O Synopsis deu 36,5% pala Milei em sua última pesquisa, 29,7% para Massa e 23,8% para Patricia Bulrrich (único acerto). Na Opina Argentina, Milei teria entre 34% e 35%, Massa entre 29% e 30% Patricia entre 24% e 25%.
Diário de Buenos Aires
Marketing brasileiro
Três publicitários brasileiros tiveram participação mais decisiva na campanha de Sergio Massa: Raul Rabelo, Otávio Antunes e Halley Arrais.
Rabello é ex-sócio de Sidônio Palmeira, marqueteiro de Luiz Inácio Lula da Silva, que já havia participado da campanha de Fernando Haddad à Presidência em 2018. Antunes fez a campanha estadual petista em São Paulo, em 2022. E Halley Arrais, com Anton Pombo, fez parte da equipe de estratégia de Edegar Pretto a governador, em 2022.
A arte resiste
A despeito da crise econômica, a arte resiste em Buenos Aires. Nos teatros, os artistas locais seguem se apresentando e tirando o sustento da arte. Nas casas de tango, músicos e dançarinos encantam turistas.
Artistas internacionais não excluíram Buenos Aires do circuito. É o caso de Diana Krall, que fará show no dia 22 de novembro no Teatro Gran Rex.
Durante o dia, em frente aos teatros da Av. Corrientes, moradores de rua dormem o sono dos descamisados, para lembrar uma expressão de Evita Perón.
Livrarias vivem
Outra instituição que resiste à crise em Buenos Aires: as livrarias. O movimento caiu, mas as mais conhecidas, como El Atheneo, seguem fazendo a alegria dos leitores. E o melhor: com atendentes que conhecem as obras, porque as leram, e sabem dar sugestões aos clientes.
Feriadão no segundo turno
A segunda-feira, 20 de novembro, um dia após o segundo turno da eleição, é feriado na Argentina. Especulou-se que o governo poderia transferi-lo, para evitar que a população se abstenha de votar, mas no final da tarde desta segunda-feira a Casa Rosada garantiu que nada vai mudar. Qual o impacto do feriadão? Acredita-se que ele pode afastar das urnas os eleitores de Patricia Bullrich, abastados que ainda podem viajar.