O líder do MDB na Assembleia, deputado Edivilson Brum, protagonizou um momento inusitado nesta terça-feira (10), durante reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A poucos minutos para o fim da sessão, Edivilson tomou a palavra e disse que se sentiu traído pela comissão.
— Hoje eu fui traído, e isso não vai ficar barato. Eu me sinto traído com algo que aconteceu nesta comissão — disparou Edivilson.
Na sequência, o deputado se levantou e deixou a sala sem dar detalhes sobre o que causou o incômodo, deixando os colegas desnorteados.
Procurado pela coluna, o líder do MDB explicou que se referiu a um projeto de lei (leia a íntegra abaixo) que teve o parecer favorável lido na CCJ nesta terça. A proposta autoriza a construção de barragens com o alagamento de áreas de preservação permanentes (APPs) para viabilizar a irrigação de lavouras de soja e milho no Estado.
Edivilson disse que havia se reunido com o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, para tratar do assunto, e que esperava um retorno do governo para apresentar um projeto de lei. O líder do MDB teria sido surpreendido ao saber que proposta com o mesmo teor já estava tramitando na CCJ.
— Eu esperava que a Casa Civil me sinalizasse para fazer o projeto. Aí o partido do líder do governo é que fez. O líder do governo é do PP. Por que não conversar, dialogar? Por que só em nome do PP o projeto? — questiona Edivilson.
O projeto é assinado pelos sete deputados do PP (Adolfo Brito, Frederico Antunes, Marcus Vinícius, Guilherme Pasin, Professor Issur Koch, Joel Wilhelm e Silvana Covatti) e já tramitava na Assembleia desde abril.
Na justificativa do texto, os progressistas dizem que a proposta dá sequência ao "trabalho que vinha sendo conduzido pelo colega Ernani Polo" — que hoje é titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado.
— Ele não falou em nenhum momento com um de nós sobre o projeto e me cita como líder do governo, mas eu sou membro da bancada. Cada deputado tem de ter o controle dos projetos. Isso não é projeto de governo, é de uma bancada — responde Frederico.
No mesmo discurso em que disse ter se sentido traído, Edivilson afirmou que a bancada do MDB "nunca fugiu a nenhum apelo do governo", e que "nunca nenhum deputado desmaiou para fugir de votação importante, nem fujão".
Na visão dos emedebistas, deputados do PP e do PSDB, que também compõem a base de Eduardo Leite na Assembleia, estão recebendo "regalias".